No dia 20 de julho, o Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve dinamizou, em colaboração com a Câmara Municipal de Vila do Bispo, mais um Dia Aberto na Jazida Arqueológica Paleolítica de Vale Boi. O sítio arqueológico foi descoberto, em 1998, como resultado dos trabalhos de prospeção nos vales fluviais da Costa Vicentina.

Situada a leste da Ribeira de Vale Boi (concelho de Vila do Bispo), em frente da pequena localidade com o mesmo nome, a jazida paleolítica localiza-se a cerca de dois quilómetros da atual linha de costa. Os vestígios arqueológicos apresentam uma dispersão superior a 10 mil metros quadrados, ocupando toda a vertente, que é limitada a Este por um afloramento calcário com 10 metros de altura e a Oeste pelo aluvião da Ribeira. Os trabalhos arqueológicos tiveram início em 2000 e têm-se pautado pela intervenção em três áreas distintas da jazida, que revelaram uma longa sequência cronológica, iniciada há mais de 30 mil anos com os mais antigos elementos da nossa espécie em Portugal.

Para além de inúmeros artefactos de caça e de atividades diárias, foram também exumados milhares de ossos de animais caçados, incluindo veado, auroque, cavalo, javali e coelho, que terão servido para a alimentação desses caçadores-recolectores, bem como leão, lobo, raposa e lince, provavelmente caçados devido às suas peles. O marisqueiro fazia também parte da vida diária dessas primeiras comunidades humanas no Algarve. De realçar ainda, no sítio arqueológico de Vale Boi, a presença de elementos de arte móvel, característica do período paleolítico na Península Ibérica, conforme explicaram Nuno Bicho e João Cascalheira, professores da Universidade do Algarve e os responsáveis científicos pela escavação, durante a visita do Algarve Informativo. “É um dos locais mais importantes de Portugal em termos do Paleolítico, e talvez de todo o sul da Península Ibérica, devido à grande duração de ocupações e sua extensão. Começam há 33 ou 34 mil anos e vêm até perto dos sete mil anos, com as últimas ocupações a serem do Neolítico”, referiu Nuno Bicho. 

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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