Foi publicado em Diário da República, no dia 12 de julho, o
concurso público para a realização da obra de Musealização dos Banhos Islâmicos
de Loulé. Trata-se de um projeto de valorização deste complexo balnear, quer a
nível patrimonial, quer a nível turístico, que pretende dar a conhecer à
comunidade e a todos os que visitam a cidade um dos edifícios de banhos
islâmicos mais completos no panorama da arqueologia da Península Ibérica e que
é único no contexto nacional.
Localizados em pleno Centro Histórico, no Largo D. Pedro I,
no interior da «Casa das Bicas», representam um complexo público de banhos do
final do período da ocupação islâmica do Algarve (terão funcionado entre os
séculos XII e XIII), tendo sido ocupados no século XV como habitação. Descobertos
em 2006, após as primeiras intervenções arqueológicas, viram a sua importância
reconhecida ao nível da comunidade científica e do público em geral. Já em 2013,
na sequência das obras de reabilitação do Centro Histórico de Loulé, foram descobertas
novas divisões destes banhos islâmicos, observando-se atualmente estruturas
referentes a tanques frios, latrinas e vestíbulos.
A intervenção será realizada dentro da «Casa das Bicas» e o
projeto pretende levar a cabo a valorização dos vestígios arqueológicos dos
banhos islâmicos, da casa nobre do final do século XV e da muralha medieval e
moderna, tornando, inclusive, o torreão aí existente visível do lado das Bicas
Velhas. A organização funcional dos espaços contempla receção/átrio, espaço
expositivo, espaço para serviços educativos e área exterior de lazer, para além
da área musealizada que terá informação complementar no percurso da visita.
Organizado no piso térreo, o espaço dos banhos deverá manter-se delimitado
pelas estruturas que permanecem da casa nobre do século XV.
O projeto vai integrar quatro áreas distintas: a zona de
entrada, marcada por uma estrutura grelhada com banco onde os visitantes
poderão ter um momento de pausa antes ou após a visita ao núcleo; a entrada
interior que articula a receção com três áreas específicas, respetivamente os
espaços museológicos, a sala dos serviços educativos e o núcleo de sanitários;
uma terceira zona, composta pela sala de exposição complementada com um
conjunto de informações sobre os banhos islâmicos, a casa senhorial e o
conjunto muralha-torreão; uma quarta zona complementar, constituída pelo
quintalão, ou seja, uma zona exterior que valoriza o seu usufruto diurno e
noturno, incluindo projeção de cinema. A musealização do espaço dos Banhos
Islâmicos permitirá (re)conhecer neste local uma diacronia de ocupação da
cidade de Loulé, uma vez que ali irão observar estruturas arquitetónicas de valor
patrimonial de dois relevantes períodos num só espaço.
O projeto conta com a colaboração do Campo Arqueológico de
Mértola, que realizou as escavações arqueológicas do complexo desde 2016, assim
como da Universidade do Algarve que estudou o paço quatrocentista. A empreitada
terá um custo de 1 milhão, 306 mil e 711,15 euros e um prazo de execução de 730
dias.