Na matriz fundacional da Universidade do Algarve esteve
sempre presente o Mar, elemento que continua a ser uma das suas áreas
estratégicas prioritárias. Neste sentido, a UAlg tem apostado largamente nesta
área de ensino, criando um curso de licenciatura inovador e único em
Portugal, em Gestão Marinha e Costeira, que acaba de formar os primeiros
licenciados. Com uma duração de três anos, o curso tem como provas de acesso um
dos seguintes exames nacionais – Biologia e Geologia, Matemática A ou Geografia
– e contempla um estágio no final da licenciatura. Na semana passada, os
primeiros alunos apresentaram os trabalhos desenvolvidos em várias empresas e
entidades, designadamente: Docapesca; Marlagos – Iniciativas Turísticas, S.A;
Albumarina – Sociedade Gestora de Marinas, S. A; Instituto Português do Mar e
da Atmosfera (IPMA); Centro de Ciência Viva do Algarve (CCVAlg); e Comissão
Coordenadora da Região do Algarve (CCDR Algarve).
Bruno Silva realizou o seu estágio no Instituto Português do
Mar e da Atmosfera (IPMA), na estação de Tavira, no âmbito da geologia marinha,
focando-se na caraterização e análise de sedimento da praia das Belharucas e,
posteriormente, na alimentação artificial da praia. A terminar a licenciatura,
o aluno considera que “este curso tem tudo o que é necessário para ser um bom
gestor marinho e costeiro”, uma profissão que, na sua opinião, “faz falta a
muita gente, que engloba várias áreas”.
Na Marlagos – Iniciativas Turísticas, S. A estagiou Daniel
Coelho. O seu trabalho teve como objetivos instalar pontos de recolha de
resíduos e sensibilizar os utentes para a poluição que existe nos dias de hoje.
Para tal, produziu panfletos sobre diferentes problemáticas e tentou reduzir a
quantidade de macro e micro resíduos presentes na água, sugerindo a instalação
de um SeaBin (caixote do lixo flutuante, fabricado com materiais reciclados e
equipado com uma bomba que suga a água juntamente com o lixo, os detritos e até
o óleo). Apresentou ainda uma proposta para recolha e análise de água e
sedimentos, de modo a monitorizar a presença de determinadas substâncias que,
muitas vezes, não são tidas em conta, como microplásticos, fármacos e metais.
Para Daniel, este é “um curso bem estruturado”, com “uma formação muito ampla”,
que “aconselha a qualquer aluno”.
«Ponta Final» foi o projeto desenvolvido por Cristina Vital,
no Centro de Ciência Viva (CCV) do Algarve. A aluna procurou integrar uma
economia circular nas beatas, ou seja, desenvolver a sua reciclagem
sustentável. Este projeto enquadrou-se noutros já existentes no Centro e o processo
da reciclagem das beatas foi testado várias vezes e em diversos contextos, quer
na tentativa de criar adubo, quer na definição da sua composição. Contudo, este
projeto ainda está em construção e a aluna pretende manter contacto com o CCV e
com a UAlg de forma a concretizá-lo. Para Cristina Vital, este curso é muito
“abrangente e multidisciplinar”.
Pedro Antunes foi recebido na Docapesca e integrado na
administração. Em colaboração com a Associação Portuguesa de Lixo Marinho tentou
sensibilizar a comunidade piscatória para que recolhesse e transportasse para
terra o lixo produzido durante a sua atividade, para depois ser reciclado. Para
o aluno, este é “um curso com bastante potencial porque existem poucas pessoas
formadas numa área tão abrangente”. Pedro Antunes garante ainda que “é um curso
com muita saída”, tal como pode constatar na Docapesca, onde teve uma proposta
de emprego.
O curso de Gestão Marinha e Costeira pretende capacitar os
estudantes para a gestão sustentável das diversas atividades relacionadas com o
mar, bem como formar profissionais capazes de intervir e colaborar na definição
de políticas, na gestão integrada do mar e do litoral, na exploração
sustentável e utilização dos recursos marinhos e na preservação e valorização
do património natural, histórico, cultural e social relacionado com o oceano,
as zonas costeiras e a economia azul. Relativamente às saídas profissionais, esta
licenciatura permite aos seus diplomados o exercício de funções em empresas
particulares de exploração dos recursos marinhos e costeiros e do turismo e,
também, em organismos públicos nacionais e estrangeiros, responsáveis pela
definição das políticas para o mar e orlas costeiras.