Em pleno Verão, os turistas afluem à região algarvia às centenas de milhares, em busca das suas paisagens paradisíacas, nomeadamente das praias que conquistam todos os anos galardões internacionais, mas também da traça genuína dos centros históricos e zonas ribeirinhas das cidades do litoral, assim como da pacatez e tranquilidade do interior. Um cenário idílico que, contudo, corre riscos de desaparecer em certa medida, daí que a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve tenha encomendado um rigoroso estudo realizado por um consórcio liderado pela FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e do qual constava também a Universidade do Algarve e a Bentley Systems.

Os resultados do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Comunidade Intermunicipal do Algarve (PIAAC-AMAL) foi apresentado a 4 de junho e, face ao cenário previsto para 2100, depressa se concluiu da necessidade de mudança de paradigma, deixando para trás apenas a abordagem a alterações climáticas, substituídas agora por «urgência climática». E o PIAAC terá que funcionar como “um elemento estratégico para a região, capaz de alavancar as prioridades de investimento no próximo quadro comunitário 2030, bem como servir de diretriz à agenda política para a resiliência do território regional”, sublinha Jorge Botelho, presidente da AMAL e da Câmara Municipal de Tavira. “Se não se fizer nada, vamos ter seríssimos problemas porque o Algarve é uma região particularmente exposta às alterações climáticas, conforme se comprovou por este estudo coordenado pelo Filipe Duarte Santos e Luís Silva. São 10 itens principais de análise, entre os quais se contam a subida do nível da água do mar, os fenómenos extremos, a seca, a agricultura e florestas, as vias de comunicação e os impactos sobre a saúde das pessoas”, indica o entrevistado.

Questões concretas sobre as quais há que olhar com a devida atenção e responsabilidade, porque as alterações climáticas há muito que deixaram de ser um enredo de filmes de ficção científica. “Cada vez temos períodos maiores de falta de água, todos sentimos que alguma coisa está a mudar no tempo, e isso é particularmente importante numa região que, durante o Verão, depende das suas praias. Isso exige um caderno de encargos de ação política e de investimento para que, juntamente com o governo – seja ele qual for –, com a AMAL e com os fundos comunitários que possam existir, consigamos atacar um conjunto de problemas identificados, como as captações de água, a dessalinização ou a rede de distribuição. Há cenários nada famosos para zonas como Quarteira, Portimão, Faro ou Tavira, onde poderá haver um alagamento das frentes ribeirinhas”, alerta Jorge Botelho.   

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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