Pedro Valadas Monteiro, Jorge Botelho, Aquiles Marreiros e Fátima Catarina |
A VII Feira da Dieta Mediterrânica vai realizar-se de 5 a 9
de setembro, no centro histórico de Tavira, com um amplo programa que resulta do
trabalho de parceria entre várias instituições nacionais, regionais e locais, das
quais se destacam a CCDR Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do
Algarve, a Direção Regional de Cultura do Algarve, a Região de Turismo do
Algarve, a Universidade do Algarve e a Associação In Loco. Por isso, ao longo
de quatro dias será possível encontrar o habitual mercado de produtores,
mostras botânicas e de sementes, ações de prevenção da saúde cardiológica e
nutricional, um jardim mediterrânico, a praça da convivialidade e restauração, muitas
provas e degustações de azeite, de tomate e outros produtos, petiscos
regionais, música mediterrânica em vários palcos, dança e outras artes
performativas, exposições e projeções, visitas ao património natural e cultural
e muitas novidades.
Motivos não faltam para visitar o Museu Municipal de Tavira,
onde estarão patentes as exposições «Artur Pastor e os Mundos do Sul» e a
reestruturada «Dieta Mediterrânica – Património Cultural Milenar»; o Mercado da
Ribeira, onde haverá demonstrações culinárias e exposições; ou o Mercado
Municipal, que apresentará uma nova edição das «Gentes do Mercado». Para os
mais novos há muitas atividades a decorrer no Largo do Brincar e espaços
adjacentes, com oficinas de construção, o percurso da lã, jogos, exposições de
brinquedos e os espetáculos «O cardume», «O nabo gigante» e «Dança da Chuva», a
música dos «Fungaguinhos» e a exposição de trabalhos sobre os cavalos-marinhos
da Ria Formosa pelos alunos da Escola D. Manuel I, entre outras surpresas.
Qualquer certame de nível nacional que se preze tem que
apostar forte na vertente musical e a VII Feira da Dieta Mediterrânica não foge
à regra, com os concertos, na Praça da República, de Pedro Abrunhosa (5 de
setembro), da espanhola Silvia Perez Cruz (6 de setembro), da fadista Katia
Guerreiro (7 de setembro) e do projeto «Nação Valente» com Sérgio Godinho,
Camané e Manuela Azevedo (8 de setembro). Outros estilos menos comerciais
poderão escutar-se no palco do Castelo, com Monsieur Doumani de Chipre (dia 5),
Asmaa Hamzaoui & Bnat Timbouktou de Marrocos (dia 6), Cüneyt Sepetçi &
Orchestra Dolapdere da Turquia (dia 7) e os italianos da Banda Adriatica (dia
8). Na Igreja da Misericórdia haverá concertos de Pedro Caldeira Cabral (dia 7)
e «Segue-me à Capela» (dia 8) e, no largo da Igreja da Misericórdia, vai-se
ouvir o flamenco de «Anamarga» (dia 7). Noutra igreja, desta feita a das Ondas,
apresentam-se «Setkedjé – Música Mariana na Idade Média» (dia 5), «Evoéh - a
magia na voz da mulher sefardita» (dia 6), «Ensemble Andalus» de Tetuán (dia 7)
e «No mar não há marcos…», trabalho multidisciplinar baseado na obra de Raul
Brandão, «Os pescadores» (dia 8).
Realce igualmente para a participação da Banda Musical de
Tavira na sessão de abertura do evento, o regresso dos «Marenostrum» (dia 8),
oficinas de danças tradicionais mediterrânicas e a programação do «Fado com
História», no Largo da Capela de Nossa Senhora da Piedade. Participam ainda na
Feira o Grupo Coral Cantadores do Desassossego de Beja, «As Ceifeiras de Pias»,
«As Canteiras do Vale do Neiva» e o projeto de itinerância das «Nove Musas» da
mitologia. Haverá também atuações de ranchos folclóricos e música popular
portuguesa na Praça da Convivialidade, situada no Parque do Palácio da Galeria,
precisamente o local onde a gastronomia mediterrânica estará disponível em quatro
restaurantes e duas tasquinhas. Mas dezenas de restaurantes do concelho
disponibilizam, também, menus relacionados com a dieta mediterrânica a preços
especiais. Nota ainda para a realização, no dia 5 de setembro, no Convento da
Graça, da «Internacional Conference on Sustainable Food Tourism» e experiência
gastronómica sustentável, integrada no MEDFEST.
O segundo fim-de-semana de setembro promete ser, assim, mais
um marco na promoção e divulgação e no aprofundamento do conhecimento sobre
este Património Cultural Imaterial da Humanidade reconhecido pela UNESCO em
2013. “Não somos propriamente um festival de música, embora também tenhamos
nomes sonantes nessa vertente, mas sim um evento que contribui para o
desenvolvimento e atratividade do Algarve, com base num património nosso que é
genético e natural”, distinguiu Jorge Botelho, no seu último ato público
enquanto Presidente da Câmara Municipal de Tavira. “Praticamente toda a zona
ribeirinha e o centro histórico terão uma oferta alargada durante a Feira da
Dieta Mediterrânica e este ano ganhamos mais um espaço, onde se encontrava
anteriormente a Docapesca”. O edil tavirense destacou a colaboração desde a
primeira hora da Associação In Loco na organização da Feira da Dieta
Mediterrânica, uma temática onde tem desenvolvido, ao longo dos anos, diversas
ações de relevo, assim como a Direção Regional de Agricultura e Pescas,
Ministério onde está sedeado o Centro de Competências para a Dieta
Mediterrânica.
Aquiles Marreiros, Fátima Catarina e Rui Parreira |
Jorge Botelho enalteceu o extenso programa preparado para
estes quatro dias e garantiu que haverá sempre qualquer coisa interessante para
fazer. “O mais difícil será mesmo escolher entre tanta oferta, dos concertos às
experiências gastronómicas, aos workshops e às visitas a diversos locais
icónicos da cidade de Tavira”, admitiu, antes de passar a palavra a Aquiles
Marreiros, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
“Estamos a preparar neste momento o próximo período de programação de fundos
comunitários e encaramos a Dieta Mediterrânica como um desafio societal para
alavancar a nossa estratégia regional e de especialização inteligente. Vamos
congregar na Dieta Mediterrânica, de forma transversal, todos os domínios que
até agora estavam mobilizados no âmbito da RIS3 Algarve. O agroalimentar, o
turismo, o mar, a saúde, as TIC e as energias serão enquadradas sob uma
plataforma de Dieta Mediterrânica que está identificada num conjunto de
desafios societais”, revelou. “Queremos que haja um reforço dos apoios
financeiros, quer para as entidades públicas como privadas, para alavancar este
estilo de vida, este modo de estar e ser. Esta Feira é um marco muito visível
de todo o trabalho que tem vindo a ser realizado na região em prol de um
desenvolvimento sustentável que se quer competitivo”, reforçou Aquiles Marreiros.
Uma
ponte entre o passado e o futuro
Para Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional da Agricultura
e Pescas do Algarve, a importância da Feira da Dieta Mediterrânica é
incontestável, porquanto este estilo de vida e a história, cultura e tradição
que lhe estão subjacentes pode trazer muito para uma região turística como o
Algarve. “Cada vez mais os turistas procuram algo diferente e distinto, algo
para além do sol, praia, mar e golfe, e todo este conjunto de maneiras de ser,
filosofias de vida, modos de estar e de interagir foi reconhecido pelo próprio
Ministério da Agricultura, ao criar o Centro de Competências da Dieta
Mediterrânica”, lembrou, augurando um sucesso igual ou maior ao das anteriores
edições. “A Dieta aborda algo que vem detrás, ancestral, mas temos que a saber
renovar e inovar. Esta feira faz muito bem essa ponte entre o passado e o
futuro, entre aquilo que não queremos perder, a memória coletiva deste
território e povo, e o que são os tempos modernos”.
Custódio Moreno, Artur Filipe Gregório e Ana de Freitas |
E porque se falava de turismo, Fátima Catarina,
vice-presidente da Região de Turismo do Algarve, reconheceu que estes eventos
são bastante importantes para a captação de mais visitantes. “São mais de 600
mil pessoas por ano que procuram o Algarve também por causa da nossa
gastronomia e vinhos”, sublinhou. Já Rui Parreira considera que a Feira da
Dieta Mediterrânica é a parte mais visível de “um trabalho que é
prolongadamente e com afinco levado a cabo pelo Município de Tavira”. “Não se
trata de mais um foguetório de Verão, mas o culminar de um trabalho
desenvolvido numa plataforma entre tradição e inovação que projeta o Algarve e
a Dieta Mediterrânica e que a afirma como um estilo de vida de interesse a
nível nacional e com futuro. Esta imaterialidade que representa a Dieta
Mediterrânica tem um suporte físico, a paisagem cultural do Algarve, que
importa sobremaneira salvaguardar e não deixar descaracterizar. Não é num mundo
globalizado, com produtos importados que mais ou menos nos vão permitindo ir ao
supermercado e ter durante todo o ano a Dieta Mediterrânica, que queremos ter
um Algarve mais sustentável”, defendeu o Diretor de Serviços de Património da
Direção Regional de Cultura do Algarve.
Em nome da Universidade do Algarve falou a vice-reitora Ana
de Freitas, adiantando que a presença da academia no certame será bastante
pautada pelas questões da sustentabilidade, da monitorização dos microplásticos
marinhos e das espécies invasoras, por via de vários dos seus centros de
investigação. “Para sermos sustentáveis, temos que preservar e saber inovar com
cuidado”, realçou, lembrando ainda a criação, em maio, da Rede das Instituições
de Ensino Superior para a Salvaguarda da Dieta Mediterrânica. “É uma feira
diferente, com conteúdo, não é daqueles eventos «incha e desincha» em que se
paga ao artista e não fica nada. Os jovens são irreverentes, não são irresponsáveis,
mas precisam de alguns sinais de orientação e aqui as pessoas divertem-se, mas
também aprendem”, declarou, por sua vez, Custódio Moreno, Diretor Regional do
Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude. “E esta feira é a prova
de que os algarvios conseguem fazer coisas em conjunto. Quando nos juntamos à
volta de elementos federadores e aglutinadores, os resultados são magníficos. Este
evento é algo genuíno, original, motivador, que nos aproxima”, enalteceu igualmente
Artur Filipe Gregório, presidente da Associação In Loco. “Estivemos demasiado
tempo fascinados pelo modelo anglo-saxónico, pelo capitalismo comercial, agora
começamos a olhar para os nossos valores e identidade, para os nossos recursos
locais, para a nossa cultura, o que é particularmente importante para a afirmação
da região, do destino turístico e do país”, acrescentou o antropólogo.
Ainda de acordo com Artur Filipe Gregório, a procura de artesãos
e produtores pela Feira da Dieta Mediterrânica tem sido cada vez maior, por ser
“um evento em que claramente faturam bem por venderem produtos genuínos e autênticos”,
justificou, indicando ainda que as degustações gastronómicas que fazem parte do
programa são verdadeiras “aulas de cultura através das quais se transmitem os
conceitos da produção local e sazonal”. Resta então marcar na agenda, de 5 a 8
de setembro, em Tavira, a VII Feira da Dieta Mediterrânica, com motivos de
interesse para todos os gostos, idades e nacionalidades.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina