Aquiles Marreiros, Francisco Serra, Paula Vaz, Ana Paula Lopes, Catarina Cruz e Vera Conceição |
A terceira edição da SEIVA – Semana de Educação e Iniciativas de Voluntariado Ambiental desenrola-se de 25 de setembro a 4 de outubro, chegando pela primeira vez aos 16 concelhos do Algarve com cerca de 60 iniciativas que pretendem mobilizar as comunidades escolares e a população em geral para a reflexão dos principais desafios do desenvolvimento sustentável e da importância da sua participação nos processos de tomada de decisão, de modo a contribuir para a gestão participada dos recursos e para o aprofundamento de conhecimentos científicos e didáticos dos docentes e de outros agentes de educação para a sustentabilidade. O evento é promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente, através da Administração da Região Hidrográfica do Algarve, em parceria com várias entidades regionais e nacionais, e decorre ao longo de 10 dias, numa alusão aos 10 anos de existência do projeto «Voluntariado Ambiental para a Água».
Ao todo serão 11 seminários/ações de formação/workshops, um
acampamento de Voluntariado Ambiental para a Água (3 dias), 19 atividades de
voluntariado ambiental, 24 visitas a infraestruturas e equipamentos de educação
ambiental, uma sessão de Curtas-Metragens e três exposições sobre temáticas
ambientais. Realce para a realização, no dia 1 de outubro, Dia Nacional da Água,
de dois seminários em Olhão promovidos pela APA-ARH Algarve, subordinados ao
tema «Ciência Cidadã e Voluntariado». Durante a manhã, dedicada aos mais
jovens, serão divulgadas Boas Práticas e, no seminário da tarde, vocacionado para
agentes de educação para a sustentabilidade, serão apresentadas comunicações da
Universidade do Algarve e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
do Algarve sobre Comunidades e Cidades Sustentáveis. Estes seminários
culminarão com a cerimónia de entrega de Certificados de Mérito «Voluntariado
Ambiental para a Água 2019», que tem como intuito distinguir pessoas e
entidades pelo seu empenho e trabalho de excelência desenvolvido, no último
ano, em atividades de educação e voluntariado ambiental, de entre os vários
parceiros envolvidos - Escolas Ensino Básico e Secundário, Universidade do
Algarve, Centros de Ciência Viva, Associações, entre outros -, sendo
reconhecido a alguns o seu papel decisivo na operacionalização deste projeto
desde o seu início, na qualidade de «Embaixadores do Voluntariado Ambiental
para a Água».
O programa foi dado a conhecer na tarde do dia 23 de setembro,
na sede da CCDR Algarve, cuja participação na SEIVA2019, assim como da Europe
Direct Algarve, tem como objetivo a divulgação do trabalho desenvolvido em
torno da Economia Circular, dando a conhecer o esforço da União Europeia na
senda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “É um programa importante
do ponto de vista da cidadania e da divulgação dos grandes temas societais do
presente, mas também para se saber o que as entidades públicas estão a fazer
para os colocar nas suas agendas. O mais importante, contudo, é que as pessoas
mudem efetivamente os seus comportamentos no dia-a-dia com vista a um consumo
mais sustentável dos nossos recursos”, defendeu Francisco Serra, presidente da
CCDR Algarve. “Nos países desenvolvidos do Ocidente temos um olhar sobre as questões
da sustentabilidade ambiental típico de quem já está no patamar de conforto e
qualidade de vida que sempre ambicionou, e mudar comportamentos não é fácil. Ninguém
está disponível para usar menos água para lavar o jardim ou tomar banho, o que
se traduz numa pressão cada vez maior sobre esse recurso”, observa o dirigente.
Para Francisco Serra, é fulcral olhar-se seriamente para a capacidade
de renovação dos recursos ditos, salve a redundância, renováveis, até porque os
povos de continentes que ainda não atingiram o mesmo patamar de desenvolvimento
do Ocidente têm esse objetivo em mente, o que, por sua vez, causa maior pressão
sobre o consumo dos recursos. “Enquanto nós estamos aqui a falar de reutilizar
materiais, de preservarmos a qualidade da água, de racionalizar o seu consumo,
temos que perceber que a nossa ação, por si só, não vai diminuir em absoluto
esse consumo. Não podemos pensar apenas no nosso bem-estar, mas também no daqueles
que estão em patamares de desenvolvimento inferiores ao nosso e que almejam ter
a mesma qualidade de vida que nós felizmente temos. Quem tem mais deve estar disponível
para partilhar e, neste caso, isso significa consumir menos para que os outros
possam consumir mais”, entende o presidente da CCDR Algarve.
Um «sacrifício» que traz consigo também oportunidades na
chamada «economia circular», com Francisco Serra a abordar o Plano da Energia
2030 desenvolvido no âmbito do Conselho de Inovação Regional do Algarve, em que
um dos objetivos é produzir-se, na região, hidrogénio verde. “A ideia é
produzir-se células de combustível que são muito mais eficientes e duradouras
que as baterias atuais de armazenagem de energia, e a partir de energias limpas”,
revela, antes de realçar, novamente, o contributo de iniciativas como a SEIVA
para a educação e divulgação de princípios que ajudem a alterar comportamentos
menos corretos. “Costumo utilizar uma frase que normalmente deixa as pessoas um
pouco baralhadas, mas, neste tipo de coisas, temos que dar uma certa liberdade
ao caos. Quando tentamos controlar o caos, concentramos todas as atenções num
pequeno número de unidades. Se, por outro lado, permitirmos que cada um faça a
sua parte, tendo como elementos centrais uma gestão comum e visão partilhada, o
resultado final é mais satisfatório e sem tanto desperdício de tempo e energia”,
acredita.
Sustentabilidade é uma responsabilidade de todos
A iniciativa da APA-ARH Algarve é coordenada por Paula Vaz,
que sublinhou a importância das parcerias para a concretização da SEIVA, cujas
sementes brotaram do encontro regional realizado em torno do projeto «Voluntariado
Ambiental para a Água» até se transformar numa Semana de Educação e Iniciativas
de Voluntariado Ambiental. “As nossas atenções estão concentradas na gestão dos
recursos hídricos da região, mas também nos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. Temos uma qualidade de vida da qual não nos queremos desapegar, e
quem a não tem faz de tudo para a ter. O que temos feito ao longo destes 10 anos
é alertar que a felicidade não está no «ter», mas no «ser». Parece um chavão,
mas é a pura realidade”, frisou a técnica da ARH Algarve.
A SEIVA 2019 chega, na sua terceira edição, a todo o
território do Algarve, para satisfação de Paula Vaz, que lembra que o evento é
apenas uma pequena mostra daquilo que é feito pelos vários parceiros ao longo
do ano. “Precisamos mobilizar a sociedade no seu global, que os cidadãos sintam
que isto é uma responsabilidade de todos nós, e não de uma instituição qualquer
que tem que fazer tudo. As pessoas normalmente acordam por períodos, ficam todas
muitas agitadas com esta ou aquela temática, mas depois não se passa nada. A atitude
mais correta é percebermos o que realmente é importante para as nossas vidas e
eventos como a SEIVA são um excelente contributo. É um trabalho de anos, de
muitas parcerias, e de continuidade, a que, felizmente, as escolas estão a aderir
cada vez mais, e de uma forma mais séria”, enalteceu Paula Vaz.
O Europe Direct Algarve dá uma ajuda substancial à SEIVA
2019 na ligação das várias atividades, um esforço grande que deixa entusiasmada
Ana Paula Lopes, que chamou a atenção para o documento «Rumo a uma Europa
Sustentável». “Fala daquilo que os 28 membros da União Europeia têm feito para atingir
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e vai ser dado a conhecer na
Fortaleza de Sagres. Este ano, na SEIVA, estamos a incidir sobre o ODS 11 –
Cidades e Comunidades Sustentáveis, que também já divulgamos na Feira da Dieta
Mediterrânica de Tavira e vamos voltar a fazê-lo noutros eventos”, indicou Ana
Paula Lopes. “E a CCDR Algarve e a Europe Direct Algarve assumiram o desafio da
cobertura territorial e de diferentes públicos, lançando atividades próprias nos
concelhos que ainda não estavam contemplados pelo programa da SEIVA”, acrescentou
Aquiles Marreiros. “A consciencialização para a sustentabilidade ambiental não se
deve limitar ao público escolar, mas a toda a população”, justificou o Diretor
de Serviços da CCDR Algarve. O programa da SEIVA2019 pode ser consultado em https://www.facebook.com/seiva.algarve/.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina