A Companhia João Garcia Miguel juntou-se ao prestigiado
pianista Mário Laginha para levar ao Cine-Teatro Louletano, no dia 27 de
setembro, uma peça de teatro que recupera questões da tragédia como a
redefinição de «Medeia» e do papel da mulher no tecido social.
«Medeia» tem texto de Francisco Luís Parreira a partir da
tragédia homónima de Eurípides, é representada por Sara Ribeiro e David Pereira
Bastos, com direção e encenação de João Garcia Miguel, contando com música
original de Mário Laginha, interpretada ao vivo. A Companhia João Garcia Miguel
põe em evidência a relação entre o passado e o futuro e levanta questões que
considera estarem subjacentes à obra de Eurípides – o papel do feminino e a
perda do seu poder simbólico, com a transição de uma sociedade matriarcal para
outra, de caráter patriarcal, a redefinição do tecido social e político, que
daí advém, e a transparência das relações interpessoais, além de entre outras
questões que se prendem com a emigração e o estatuto do refugiado. “É neste
sentido que a obra mantém atualidade e pertinência no mundo contemporâneo”, considera
João Garcia Miguel.
A Companhia João Garcia Miguel recorda que a tragédia
levanta “uma questão central sobre os protagonistas da História e a vida dos
indivíduos”, componente que considera determinante “na abordagem da obra, em
busca das sombras que nos moldam o ser”. A figura de Medeia, nas diferentes
lendas, é ambivalente e é símbolo de um período de transição do matriarcado
para o patriarcado, recorda a companhia. Passa de deusa da cura e da sabedoria,
para feiticeira ameaçadora e poderosa e, por fim, para mulher ciumenta e
infanticida. Assim, “a feminilidade e, principalmente, a feminilidade dotada de
poder, foi desvalorizada e vista como demoníaca, na mesma proporção do
crescimento do poder patriarcal”, enfatiza João Garcia Miguel.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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