Entre ser o produtor Sickonce e o DJ Gijoe, Rafael Correia anda habitualmente numa roda-viva, envolvido em projetos como a «Moda Vestra», em parceria com João Frade e Ana Perfeito, ou a Grafonola Voadora & Napoleão Mira, que ainda no dia 26 de setembro protagonizou, em Lagos, o fantástico espetáculo «O Sul de Sophia», para além de trabalhos com diversos artistas de hip-hop e de outras sonoridades. E foi no final do século passado, ou do milénio passado, que o estudante de arquitetura adquiriu equipamento de DJ e passou a dedicar algum do seu tempo livre a essa atividade, quando andava na faculdade em Lisboa. De regresso ao Algarve, e já a trabalhar como arquiteto, gravou o seu primeiro disco em 2004 e durante cerca de oito anos foi conciliando estas duas facetas. “A música era um hobby muito sério, ou uma segunda profissão, porque, quando saia do emprego, ficava várias horas no estúdio. Muitas coisas que aprendi no curso de arquitetura continuam a ser guias para mim na minha música, assim como conhecimentos que me foram transmitidos por professores. Claro que a arquitetura é mais rigorosa do que outras formas de arte, mas se calhar é essa responsabilidade que me torna um produtor mais metódico”, indica Rafael Correia, à conversa no seu estúdio em Portimão. 

Depois de trabalhar em alguns ateliers de arquitetura, Rafael Correia ingressou na equipa de Reabilitação Urbana do Município de Portimão, de onde só saiu quando sentiu que necessitava dedicar mais tempo à música. “Não larguei completamente a arquitetura, ainda fiz uma coisa ou outra, mas a música precisava de mais espaço na minha vida e arrisquei”, recorda, lembrando que, no princípio, apenas se interessava pelo scratch, em ter um gira-disco na mesa e aprofundar a sua técnica de hip-hop. Depois, começou a experimentar misturar música, uma coisa levou a outra e, de repente, ia acompanhar grupos de hip-hop e via-se a pôr som nas festas. “Ganhei esse gosto, interessei-me mais pela componente da eletrónica, abri os meus horizontes. Nunca pensei em ser DJ num clube ou discoteca, o que me seduzia eram as técnicas de produção e scratch”, assume o entrevistado. “No emprego, as pessoas mais próximas e as chefias conheciam esta minha outra faceta, tinha a felicidade de conseguir meter uns dias de férias quando se aproximavam atuações mais importantes, era só uma questão de mudar o «chip» de forma natural”.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Camille Leon

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