O auditório do Solar da Música Nova acolheu, no dia 18 de outubro, a cerimónia de distinção, por parte do IAPMEI, das empresas PME Líder e PME Excelência do Concelho de Loulé, numa sessão que contou com a presença do Secretário de Estado da Economia, João Neves. Com esta iniciativa de reconhecimento pretenderam os responsáveis municipais louletanos enaltecer a prestação do tecido empresarial local e o seu decisivo contributo para o desenvolvimento económico do concelho, assim como estimular projetos futuros e atrair novos investimentos para o concelho. “Loulé está a atravessar, do ponto de vista económico, um excelente período, à imagem do que sucede com o nosso país, contudo, também nos debatemos com as contingências advindas da escassez de mão-de-obra. É um problema grave e o Governo tem que encontrar soluções para este bloqueio à atividade económica. Os restaurantes e hotéis não têm funcionários, as empresas de construção civil não têm operários especializados. A isto soma-se a sobreocupação do parque habitacional, de modo que as empresas também não sabem onde alojar os empregados que querem contratar”, começou por dizer Vítor Aleixo, perante uma plateia repleta de empresários.

O presidente da Câmara Municipal de Loulé lembrou que foi estudada, planeada e aprovada uma estratégia local de habitação até 2030, com projetos muito concretos para resolver este problema a cerca de 1.400 famílias. “Isto só é possível porque o Governo finalmente concebeu uma política de iniciativa pública para o setor e brevemente iremos assinar um contrato com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana. Adquirimos terrenos, temos projetos feitos e lotes infraestruturados para iniciar obras, vamos arranjar soluções para este drama”, garantiu o edil louletano, adiantando ainda que o concelho de Loulé tem a menor carga fiscal possível de aplicar no país, o que também contribui para o fulgor económico do território. “Temos o IMI mais baixo de Portugal e prescindimos dos 5% de IRS pagos pelas famílias, valores que ficam nos agregados familiares, e também não temos derrama, mais uma vantagem para as empresas do concelho de Loulé. Tudo isto cria, como é óbvio, um contexto atrativo para os investidores e prova disso é que a Área Empresarial de Loulé está muito bem preenchida, sendo das mais significativas a sul de Setúbal”, destacou o autarca.


Vítor Aleixo aproveitou a oportunidade para realçar dois investimentos bastante importantes para o concelho, um deles o Algarve Biomedical Health Center, com valências distribuídas por Loulé e Vilamoura. “O Algarve não pode ficar eternamente dependente da monocultura do turismo. É a mola real do Algarve, mas temos que encontrar outros setores de desenvolvimento económico e vamos implementar um projeto na área das biociências complementares à inovação e investigação no campo da saúde”, indicou. Quanto ao segundo investimento, esse de natureza privada, prende-se com a intenção de um grupo de investidores britânicos em reabilitar uma infraestrutura degradada no concelho de Loulé para a colocar ao serviço da produção cinematográfica. “Entendem que tem condições ideias em termos de acesso, mas também de ecossistema empresarial, porque vão precisar recorrer a vários serviços locais para levarem a cabo a sua atividade. É uma proposta suficientemente concreta e madura para me permitir anunciá-la publicamente”, congratulou-se Vítor Aleixo. “Nós continuaremos a trabalhar para concorrer para o êxito empresarial das vossas atividades. O papel do autarca é criar o melhor contexto possível para que possamos ser um concelho pujante, dinâmico, capaz de aceitar desafios e de realizar os sonhos de todos, mas, aqui particularmente, dos empresários”, finalizou o presidente da Câmara Municipal de Loulé.

No contexto regional, e de acordo com Carolina Travassos, do IAPMEI, as PME Líder do concelho de Loulé representam 19 por cento na região, enquanto que as PME Excelência correspondem a 22 por cento do total do Algarve. No que diz respeito aos setores, destaque para o comércio (44 por cento) e turismo (36,9 por cento). A grande maioria das empresas distinguidas são pequenas empresas (77 por cento), enquanto que 17 por cento são médias empresas e apenas 6 por cento correspondem a microempresas.

Segundo dados apresentados por João Rodrigues, também do IAPMEI, numa análise ao tecido empresarial de Loulé, este concelho destaca-se claramente no contexto dos restantes municípios algarvios com o maior número de concentração de empresas. Em 2017 estavam ali instaladas 9.139 empresas individuais e 3.843 sociedades. No que toca aos setores representados, alojamento, restauração e similares representam 18 por cento, atividades administrativas e dos serviços de apoios 15 por cento, comércio por grosso e a retalho 15 por cento, construção 10 por cento, agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 10 por cento e atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 7 por cento. 




No que toca ao volume de negócios, e também de acordo com dados de 2017, o tecido empresarial gerou 1.697 milhões de euros, correspondentes a 85,9 por cento do valor de negócios total do concelho. Em termos da taxa média de variação anual entre 2010 e 2017, verificou-se um crescimento de 2,5 por cento do volume de negócio das empresas no Algarve, enquanto que em Loulé esse aumento foi mais significativo, de 2,7 por cento. Também em relação ao valor acrescentado bruto, a taxa média de variação anual dos últimos do concelho é superior: 3,9 por cento no Algarve e 4,4 por cento em Loulé.

Em suma, a elevada atratividade do concelho de Loulé, no contexto regional, está bem expressa no maior número de empresas sedeadas no concelho, evidenciando um maior dinamismo empresarial do que a média da região. A produtividade média do trabalho das empresas do concelho de Loulé (17,611,1 euros) é superior à média regional (+1,8 por cento), mas corresponde apenas a 74 por cento da média nacional, com exceção das atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas, atividades imobiliárias e atividades captação, tratamento e distribuição de água, saneamento, gestão de resíduos.

Ainda durante esta sessão, o vice-presidente da Autarquia de Loulé, Pedro Pimpão, fez uma breve apresentação da Área Empresarial de Loulé, uma das mais significativas e pujantes a sul de Setúbal, enquanto que o presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, abordou os investimentos financeiros estruturais, no âmbito do CRESC Algarve 2020 e perspetivas para 2030.


Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina