No dia 14 de fevereiro, das 10h às 18h, os Municípios de Alcoutim e de Sanlúcar de Guadiana irão organizar as quartas Jornadas do Contrabando, em Alcoutim, tendo-se alargado o tema às memórias de fronteira, mas também aos estudos do património rural edificado e imaterial.

Alcoutim é uma vila raiana localizada na serra algarvia, frente a Sanlúcar de Guadiana (Andaluzia – Espanha). Esta fronteira luso-espanhola é uma das mais antigas da Europa e conta com séculos de história que marcam a identidade das populações locais. O contrabando foi a «arte» de comercializar às escondidas da lei e entendido pelas populações como um mundo de oportunidades, que dava resposta às necessidades e dificuldades das gentes da raia. Com a abertura da fronteira, este contrabando «tradicional» deixou de fazer sentido, fechando-se um ciclo.

Nos nossos dias urge registar memórias, conhecer e estudar um vasto espólio imaterial ligado a este fenómeno. As gerações que viveram o contrabando «tradicional» estão a desaparecer e com eles perde-se um manancial de conhecimentos, passados entre gerações, de pais para filhos e de avôs para netos, que fazem parte da cultura das gentes. Entre as ideias que irão ser debatidas estarão o reconhecimento e a valorização de uma identidade local própria com ligação à fronteira, entender as necessidades locais e o contributo do contrabando para a sobrevivência das populações, a importância de uma rede de contatos e relações familiares na ligação entre margens e a valorização das memórias e do património do contrabando na perspetiva da promoção turística do território.

As jornadas este ano irão realizar-se um mês e meio antes do Festival do Contrabando e servirão de lançamento do programa do evento. No dia 14, às 21h30, será apresentado «Evaristo, Um Clássico nunca Visto», pela Companhia Profissional de Teatro de Improviso Instantâneos, no Espaço Guadiana, na vila de Alcoutim.