São 9h30. Frente ao seu computador, Ema Costa, estudante da Junior Primary School, inicia uma aula virtual. O Google ClassRoom notificou-a dos trabalhos e respetiva data de entrega e agora, com o trabalho rececionado na plataforma, tem oportunidade de colocar as suas dúvidas e rever os seus colegas, através de uma curta aula com o Zoom.

Esta é, desde o dia 16 de março, a realidade dos alunos do Colégio Internacional de Vilamoura (CIV) durante o período de isolamento social provocado pelo coronavírus Covid-19. “É um inimigo invisível que colocou os países em estado de alerta, alterando profundamente os percursos que conhecíamos e a que estávamos habituados”, refere Cidália Ferreira Bicho, Diretora Pedagógica do Colégio Internacional de Vilamoura. “Neste contexto ainda tão pouco definido, somos todos convidados, enquanto profissionais de educação, a reinventar-nos! E assim, sem aviso prévio, vemos as nossas casas a transformarem-se em sala de aula”, acrescenta.

Entre todos, as exigências multiplicam-se. Aos trabalhos de casa juntam-se agora as aulas virtuais por videoconferência, os chats, a partilha de aulas gravadas por vídeo e as conversas nos grupos de WhatsApp, para esclarecer, informar, recordar ou simplesmente para desabafar. Pais/tutores, professores e alunos esforçam-se por manter a normalidade numa altura em que todos se tentam ajustar a uma nova realidade. “A gestão do tempo foi difícil, mas a flexibilidade e perseverança permitiu-nos fazer reuniões entre docentes, preparar aulas, orientar alunos, dialogar com pais e conciliar tudo isto com as (infindáveis) lides domésticas e a gestão familiar”, explica Cidália Ferreira Bicho.

E é assim semanalmente. Recorrendo às ferramentas tecnológicas e adotando métodos ajustados aos vários níveis de ensino, os professores tentam estreitar laços e estabelecer novas pontes. Se todos apontam como aspetos menos positivos a inexistência de um contacto mais humano, realçam que “esta é uma oportunidade para criar”. No meio de muito cansaço, “ganham-se grandes ferramentas que seriam menos exploradas no dia-a-dia”, entende Anabela Chaves, docente de Português de 5.º, 6.º e 7.º anos. A professora refere que já introduziu novos conteúdos gramaticais e que os alunos têm conseguido surpreendê-la. “Quinze dias passaram, e foi tanto. Os alunos continuam a querer contar as suas experiências, a partilhar o passo-a-passo dos seus trabalhos… a partilha não se perdeu. E o maior desafio está em arranjar estratégias para que estes se sintam perto, estando longe fisicamente, e para que continuem a ter vontade de realizar as tarefas propostas”, afirma.


Texto: Dina Adão - CIV | Fotografia: CIV