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Vítor Aleixo, Jamila Madeira e Paulo Morgado |
O Município de Loulé apresentou, no dia 15 de maio, três projetos que vão reforçar a prestação dos cuidados de saúde à população, num investimento que ultrapassa os 4,2 milhões de euros, designadamente o novo Edifício da Saúde de Loulé e as requalificações das Extensões de Saúde de Almancil e Quarteira. A cerimónia, que teve lugar no Cineteatro Louletano, contou com a presença da Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, que homologou a celebração do contrato interadministrativo para a obra de Loulé, assinado pelo presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e pelo presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado.
De entre as quatro valências que terá o novo Edifício da
Saúde de Loulé, realce evidente para a criação do primeiro Centro de Saúde
Universitário de Portugal. O equipamento comportará igualmente as novas
instalações da sede de Agrupamento de Centros de Saúde Algarve 1 – ACES
Central, a Unidade de Saúde Familiar Lauroé, que serve 13 mil e 700 utentes, e
a Unidade de Cuidados na Comunidade – UCC Gentes de Loulé, a maior da região,
que ficará dotada de instalações mais amplas e modernas. No total, a obra
representa um investimento na ordem dos 3 milhões e 700 mil euros, dos quais 65
por cento serão suportados pela autarquia louletana e os remanescentes 35 por
cento ficarão a cargo da ARS Algarve. A abertura do lançamento concursal para a
execução da obra deverá acontecer até ao final de maio e o edifício poderá ser
uma realidade dentro de dois anos.

A construção de um edifício para a saúde na cidade de Loulé
tem sido “um processo longo e difícil”, de acordo com Vítor Aleixo, que não tem
dúvidas de que este será um dos investimentos mais valorizados e aguardados
pelas gentes louletanas. “Se há coisas que aprendemos com esta pandemia é que
vale a pena apostar no sistema de saúde e, particularmente, no Serviço Nacional
de Saúde. Felizmente que, em Portugal, temos tido a sorte – uma sorte que deu
também muito trabalho – de não estarmos numa situação tão grave como noutros
países, porque temos lidado razoavelmente bem com esta crise de saúde pública”,
frisou o presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Temos que voltar a
robustecer, a revitalizar, a dotar o SNS de novos investimentos e
infraestruturas e é isso mesmo que estamos hoje aqui a fazer”.
Vítor Aleixo aproveitou ainda a cerimónia, “curta e
singela”, para enaltecer a mobilização da sociedade civil louletana para
enfrentar a covid-19, não esquecendo todos os profissionais de saúde nesta sua
homenagem. “Continuamos com um grande problema pela frente, não sabemos como
esta situação vai evoluir, mas temos estado à altura das exigências. E esta
política do Município de Loulé em apostar na saúde dos seus concidadãos vai
traduzir-se também na reabilitação das Extensões de Saúde de Almancil e
Quarteira, fruto de muita colaboração com a Administração Regional de Saúde do
Algarve e correspondendo ao desejo de se criarem as melhores condições de trabalho
possível para os seus profissionais e, acima de tudo, para servir melhor os
seus utentes”, sublinhou o autarca que, como se adivinhava, falou igualmente do
projeto ABC Loulé Active Life Health & Research, que se concretizará em
Loulé e Vilamoura. “Corresponde à nossa visão estratégica de apostar fortemente
na ciência, neste caso da investigação científica, e na área do envelhecimento
ativo e no bem-estar da população, e terá a capacidade de inovar, de atrair
jovens investigadores com ambição de progredir nas suas carreiras e de constituir
uma alavanca importante para potenciar a construção do futuro Hospital
Regional”, entende o responsável autárquico. “Não chegam o turismo e a
agricultura – que tem cada vez mais peso na economia regional – precisamos de
abrir novos setores, um deles ligado à investigação científica e a políticas de
bem-estar, que casam na perfeição com a atividade turística do Algarve.
Acreditamos que o ABC gerará frutos muito bons para todos nós”.
Apesar do otimismo, Vítor Aleixo voltou a lembrar que o
processo do Edifício da Saúde de Loulé vai longo e ainda não chegou ao fim,
tendo-se iniciado, em junho de 2010, com a assinatura de um protocolo entre Rui
Lourenço e Seruca Emídio, na época presidentes da Administração Regional de
Saúde do Algarve e da Câmara Municipal de Loulé, respetivamente, após o que
ficou vários anos «na gaveta». “Como sempre, é o Partido Socialista que investe
nas funções essenciais do Estado Social. A orientação política mudou em
Portugal e esse projeto de investir no SNS foi interrompido, até que um novo
ciclo público foi inaugurado pelo PS e, em 2016, fomos buscar o protocolo à
gaveta e voltamos a trabalhar nele. Têm sido muitos os obstáculos e
dificuldades, mas em Loulé não nos falta energia e, felizmente, meios financeiros
para investir o dinheiro público onde ele é mais necessário e para usufruto dos
nossos concidadãos”.
Em
Almancil e Quarteira não há lugar para sentar médicos e enfermeiros

O dirigente defende, portanto, um SNS robusto e organizado
com capacidade de resposta para esta e para as calamidades que se vão seguir.
“Desengane-se quem pensa o contrário. No passado já houve pandemias e o futuro
vai trazer outras idênticas a esta, portanto, tenho que felicitar a visão que a
Câmara Municipal de Loulé tem, e de que outras autarquias por esse país fora
também partilham, de investir na saúde das pessoas. É claro que, para termos um
SNS mais robusto, com melhores e mais profissionais e instalações, é necessário
que o poder local seja um parceiro do poder central e regional. Esta cooperação
é crucial e, em Loulé, isso materializa-se, por exemplo, no novo Edifício da
Saúde”, destaca Paulo Morgado, elogiando igualmente os investimentos a realizar
em Almancil e Quarteira, as duas freguesias com maior crescimento populacional
do concelho de Loulé e onde, neste momento, “não temos lugar para sentar os
médicos e os enfermeiros”. “Loulé é um dos concelhos onde há mais habitantes
sem médico de família. Temos 11 médicos a fazer a sua especialidade de Medicina
Geral e Familiar no concelho e se todos eles aqui ficarem, o problema fica
resolvido. Mas não temos onde os sentar”, evidencia o presidente da ARS
Algarve.
Todos
os cenários foram antecipáveis

Segundo a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, é com
este tipo de parcerias, dinâmicas e alavancagens que o Ministério de Saúde quer
fazer mais e melhor, porque o levantamento das necessidades, em conjunto com
cidadãos e autarcas, é determinante para se melhor resolverem os problemas
existentes. “Às vezes há obras bastante simples, mas que fazem a diferença para
os utentes, que permitem tornar toda a lógica de saúde numa realidade mais
eficaz e o cluster de saúde numa oportunidade. Só assim conseguiremos construir
um futuro mais sólido”, salienta Jamila Madeira. “Mas também com muito trabalho
de formiguinha, antecipando os problemas, construindo cenários, perspetivando
soluções. Vivemos uma pandemia que não tem terapêutica, que ainda não tem
vacina, onde ainda existe muito desconhecimento, e era preciso minimizar todos
os impactos junto da população, para que, no dia seguinte, possamos sorrir e
dizer que o pior já passou. E os resultados positivos de Portugal só foram
possíveis graças a uma dedicação abnegada da parte de todos os profissionais de
saúde”, elogiou a louletana.
Um empenho que se estendeu a todas as autarquias
portuguesas, incansáveis na construção de soluções e na antecipação de
cenários, “alguns, os mais extremos, que, felizmente, ainda não tiveram que ser
ativados”. “E temos que agradecer a todos os voluntários que permitiram o
reforço desta rede e que possibilitaram que chegasse ao hospital apenas aquilo
que é hospitalar. Por isso, podemos dizer que o CHUA – Centro Hospitalar e
Universitário do Algarve foi, talvez, um dos melhores a ultrapassar os
problemas que até agora enfrentamos no âmbito da covid-19 em todo o país. Até
agora, todos os cenários foram antecipáveis e o nosso desempenho permite-nos,
igualmente, que sejamos bem vistos junto da comunidade internacional e que
possamos olhar para o futuro com outro alento e energia. Da mesma forma que
atravessamos estes desafios, vamos conseguir atravessar os seguintes, que não
são menos complexos”, alerta Jamila Madeira. “Vivemos numa região que depende
do turismo, o setor económico que provavelmente foi o mais afetado pela
pandemia, mas estamos a passar por isto com excelentes resultados. Agora, temos
que transmitir esses sinais de segurança e confiança a quem nos costumava
visitar. Mas temos todos que estar alerta, pois cabe a cada um de nós mudar o
paradigma durante esta fase de desconfinamento e não baixar a guarda”, apelou a
Secretária de Estado Adjunta e da Saúde.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Jorge Gomes