A «sala do morcego» da Associação Recreativa e Cultural de Músicos de Faro foi o palco escolhido pelo ator e encenador farense João de Brito para a estreia, de 16 a 18 de maio de 2018, da mais recente aventura teatral, da época, do LAMA – Laboratório de Artes e Media do Algarve. «Seattle» oscila entre os desabafos e reflexões intimistas das quatro personagens, noutras ocasiões vive uma verdadeira explosão de emoções cruas e perturbadoras, pretendendo retratar a envolvência da cena grunge que nasceu nesta cidade norte-americana no final da década 80, início dos anos 90, do século passado e que ficou mundialmente famosa graças a bandas como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice In Chains e tantas outras.

Em palco, num misto de gaiola e garagem, encontravam-se Carlos Malvarez, Cristóvão Campos, João Pedro Dantas e Lia Carvalho, que tentavam transmitir a meteorologia própria de Seattle, “aquela gerida pela paisagem interior das personagens”. “A dinâmica e o ambiente tchekhoviano apontam o frio, o passar dos dias-a-fio, sempre iguais, e o difícil divorciar dos espaços de recordação, de convivência e de partilha. Em Seattle, as mãos e os corações gelam, e a chuva que se impõe é uma tempestade da alma, a mesma que habita e inspira o espírito grunge que aqui se experimenta”, descreveu João de Brito, depois de terminada a peça. “​Seattle é, para nós, a metáfora dos sonhos, daqueles que apenas se apresentam como um lugar de memória que, afinal, nunca se habitou. A passagem do tempo e o ritmo dos dias apresentam-se como um escape paradoxal que apenas adia o confronto inevitável com a mudança. E isto somos nós, sem certezas, a praticar os 27 anos de quem já viveu e sentiu tudo, do lado de cá, o das sombras, da caverna a que chamamos casa”, acrescentou o encenador e ator.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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