A circulação na fronteira terrestre que liga o Algarve à Andaluzia foi retomada no dia 1 de julho, sensivelmente três meses após ter sido adotada a medida excecional e temporária de controlo nos pontos de passagem entre Portugal e Espanha, integrada no programa de combate à pandemia da covid-19. E, por se tratar de um momento importante, enquadrado na reabertura generalizada das fronteiras com o país vizinho, foi organizado pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve e pela RTA – Região de Turismo do Algarve, um encontro, no Posto de Turismo da Ponte Internacional do Guadiana, com representantes dos dois territórios.

António Pina
Na cerimónia marcaram presença António Pina, presidente da AMAL, João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, José Pacheco, vice-presidente da CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Pedro Valadas, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, e o Coronel Pedro Oliveira, da Guarda Nacional Republicana. Do lado da comitiva espanhola estiveram Eduardo Serra Jorge, cônsul de Espanha no Algarve, Bella Verano Dominguez, Delegada do Governo da Junta de Andaluzia em Huelva, e Maria Angel Muriel Rodriguez, Delegada Territorial de Turismo e Regeneración, Justicia y Administración Local en Huelva. “Há mais de 30 anos que nos habituamos a viver nestes dois territórios de uma forma tranquila, de tal forma que, às vezes, nem nos apercebíamos que existia uma fronteira entre dois países e duas regiões. O Algarve, a Andaluzia, a Província de Huelva, necessitam das suas fronteiras abertas para continuarmos a viver e a desenvolver-nos em conjunto”, defendeu António Pina, esperando que Portugal e Espanha prossigam no caminho positivo no controlo da pandemia.

João Fernandes
Recorde-se que Espanha está no top 10 de mercados emissores de turistas para o Algarve, designadamente pela proximidade, tendo sido responsável por 1,13 milhões de dormidas em 2019 na região (+8,7 por cento do que em 2018), segundo o INE. “Para o Turismo do Algarve é muito importante esta reabertura, não só pelo feliz reencontro entre os dois lados da fronteira, mas porque o mercado espanhol para Portugal tem vindo a crescer nos últimos anos e tem uma expressão significativa no que toca ao Algarve”, confirmou João Fernandes, lembrando que o mesmo sucede com os turistas portugueses no lado da Andaluzia. “Para além dos turistas, é também muito importante esta reabertura para os visitantes, para aqueles que, não pernoitando no território, têm o hábito de ir comer umas tapas à Andaluzia ou vir comer uma cataplana ao Algarve. Do mesmo modo, muitos espanhóis rumam à Costa Vicentina para praticar surf. E há também cada vez mais residentes no Algarve de nacionalidade espanhola, atualmente mais de 1.300, assim como haverá bastantes portugueses a residirem na Andaluzia”, indicou o presidente do Turismo do Algarve.


Assim sendo, de acordo com João Fernandes, a par da vertente turística, a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha significa igualmente o reencontro das famílias. No que toca ao covid-19, António Pina e João Fernandes frisaram que o Algarve tem vindo a desenvolver, em estreita colaboração com as diferentes entidades oficiais e o tecido empresarial, um conjunto de medidas extraordinárias adequadas a esta nova realidade, que acautelam a segurança e o bem-estar de todos os que escolhem visitar o Algarve. “A região encontra-se entre os 21 destinos do velho continente mais seguros para passar férias durante os próximos meses, de acordo com a European Best Destinations”, recordaram os dirigentes. De realçar ainda que o Algarve desenvolveu um dos primeiros Manuais de Boas Práticas a nível mundial para várias das atividades turísticas, que engloba procedimentos a adotar para as rent-a-car, os golfes, os parques de campismo, as marinas, as praias, o surf, os parques aquáticos, os restaurantes, para além do alojamento turístico, agências de viagens e empresas de animação turística. “Esta região tem já mais de três mil empresas aderentes ao selo «Clean & Safe» e esteve na linha da frente na implementação de planos de contingência e de protocolos sanitários nas empresas”, sublinhou João Fernandes.

Natalia Santos, Francisco Amaral e Conceição Cabrita
Neste contexto da colaboração e vivência transfronteiriça merece igualmente destaque a Eurocidade do Guadiana, projeto nascido em 2013 que une os Municípios de Castro Marim, Vila Real de Santo António e Ayamonte, e que trabalha de forma estratégica o desenvolvimento territorial e o seu património material e imaterial. Como tal, juntaram-se também à ação o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, a presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, e a Alcadesa de Ayamonte, Natalia Santos. No final das intervenções oficiais, foram distribuídas laranjas algarvias e informação sobre o destino aos turistas que chegaram de Espanha, como forma de agradecimento pela confiança no regresso à região.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina