O Grupo AdP – Águas de Portugal, onde se integra a Águas do
Algarve, está a implementar um programa integrado que visa reduzir os consumos energéticos
e aumentar fortemente a produção própria de energia 100 por cento renovável, permitindo
atingir a neutralidade energética em 2030. O Programa de Neutralidade
Energética ZERO foi apresentado, no dia 29 de julho, numa sessão que contou com
a participação do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos
Fernandes, da Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, e do
Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba. Com ele, o Grupo AdP
posiciona-se como o primeiro grupo de dimensão internacional a atingir a neutralidade
energética em todas as suas atividades nacionais e internacionais a nível
mundial.
O Grupo AdP é o maior consumidor público de energia elétrica
em Portugal, com consumos da rede superiores a 725,1 GWh/ano em 2019, mais de
1,4 por cento do consumo de energia elétrica no País. Com um investimento total
de cerca de 370 milhões de euros, é expectável que este Programa neutralize o
equivalente a 746 GWh – o correspondente ao consumo energético estimado para
2030 – representando uma neutralidade energética de 105,3 por cento e uma
neutralidade carbónica equivalente. O Programa envolve ainda a neutralidade
resultante do consumo de combustíveis – 765 GWh – sendo a neutralidade
energética obtida de 102,4 por cento. A nível ambiental, salienta-se que, em
2030, o Programa de Neutralidade permitirá eliminar cerca de 205 toneladas/ano de
emissões de CO2, representando uma poupança, para Portugal, de cerca de 5,3
milhões de euros por ano (a preços atuais).
O Programa ZERO envolve todas as empresas do Grupo AdP, incluindo
as atividades desenvolvidas a nível internacional, integrando o aumento da
produção própria de energia 100 por cento renovável e contribuindo em 80 por
cento para a sua neutralidade energética. O ZERO prevê uma produção de cerca de
708 GWh/ano com recurso aos recursos endógenos disponíveis nas instalações das
empresas do Grupo, designadamente com origem no biogás, eólica, hídrica e solar
fotovoltaico, incluindo solar flutuante. No que respeita ao biogás, está
previsto um crescimento de 48,3 GWh/ano (+ 163,2 por cento face a 2019). Irá
iniciar-se a produção de energia de fonte eólica, com a instalação de 48 torres
eólicas, estimando-se uma produção de 115,9 GWh/ano.
Quanto ao aumento da
produção de energia hídrica, será obtido através da instalação de 38 hídricas
com uma potência total de 6,9 MW, estimando uma produção de 45,0 GWh/ano (face
aos 90,5 MWh produzidos em 2018). No solar fotovoltaico, é previsto um
crescimento exponencial na produção (de 4,1 GWh para cerca de 478 GWh) com a
instalação de centrais que produzirão um valor médio de 353 GWh/ano no primeiro
ano de exploração, e a instalação de painéis solares flutuantes em 25
albufeiras, produzindo um valor médio de 125 GWh/ano. A produção de energia a
partir do solar representará 70 por cento do aumento da produção total de
energia prevista no Programa ZERO.
Como medidas de eficiência energética, é objetivo do Grupo reduzir
35,6 GWh/ano nas atividades de abastecimento de água (tratamento e bombagem de
água para consumo humano), correspondendo a uma redução de 8,5 por cento dos
consumos atuais. No saneamento de águas residuais, a poupança estimada é
superior a 13 por cento, num valor próximo dos 37,8 GWh/ano. O investimento estimado
para as ações de eficiência energética ronda os 39,6 milhões de euros, devendo
estar concluído até ao final de 2024.
A atividade de abastecimento de água consome cerca de 60 por
cento do consumo total de energia do Grupo AdP – 410,3 GWh/ano no ano de 2018 –
enquanto o saneamento de águas residuais, com uma fatia de 40 por cento, consumiu,
no ano de 2018, cerca de 284,0 GWh/ano. O Programa ZERO contempla ainda ações
no domínio das perdas de água e das afluências indevidas, que deverão ser
desenvolvidas pelas entidades gestoras dos sistemas municipais, isolada ou
conjuntamente com as empresas do Grupo AdP.
Contemplando as ações da
responsabilidade das entidades gestoras dos sistemas municipais, o investimento
total do Programa ZERO ascenderá a 480 milhões de euros, com uma neutralidade
equivalente – redução de consumos de energia, compensação do consumo
combustíveis e produção própria de energia 100 por cento renovável – de 117,1 por
cento.