A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, deslocou-se, no dia 3
de julho, a São Brás de Alportel, para a inauguração de mais uma exposição do ciclo
«O mapa e o território», promovido pelo Museu Zer0 – Museu de Arte Digital, em
parceria com a autarquia local, e que estará patente até final de setembro no
Centro de Artes e Ofícios. Uma visita oficial que contou também com a presença
do Secretário de Estado para a Transição Digital, André Aragão Azevedo, e que
começou pela Casa do Artesão. A comitiva ficou depois a conhecer «Repúblicas
Minimais», com fotografias de Ruben Martins de Lucas, um promissor artista espanhol
que nos faz refletir sobre o conceito de territórios e o sentido da existência.
Seguiram-se duas instalações interativas de arte digital da responsabilidade do
coletivo Boris Chimp504, constituído por Miguel Neto e Rodrigo Carvalho, que
nos levam a viajar pelo espaço e pelos territórios de vivência quotidiana.
No final da visita, Vítor Guerreiro, presidente da Câmara
Municipal de São Brás de Alportel, enalteceu a importância do Museu Zer0,
aquele que será o primeiro museu de arte digital de Portugal, e elogiou Graça Fonseca
pelo investimento que tem sido feito na educação através das artes. “Temos um
caminho longo para percorrer e estamos mais atrasados do que outros países
europeus neste assunto, porque começamos mais tarde, mas o que interessa é que
começamos e que estamos a fazer um trabalho sólido. É fundamental levar às
crianças e jovens a criação artística e a sensibilidade para as artes, pois
estão muito focados em si, com pouca interação com os outros. Passam demasiado
tempo sozinhos com as novas tecnologias que existem e é crucial que dediquem
algum tempo a colocar em prática a sua criatividade e imaginação”, entende o
edil são-brasense.
Vítor Guerreiro lembrou ainda que o Agrupamento de Escolas
José Belchior Viegas é parceiro do Museu Zer0 em vários projetos educativos e que São
Brás de Alportel é um concelho que valoriza o seu património cultural. “Os
nossos artesãos vão transmitindo os seus saberes ancestrais às novas gerações
para que estas tradições não se percam, para que continuem a fazer cultura com
a nossa identidade e património genético. Por isso, também tenho que agradecer
aos jovens artistas que têm a ousadia de aprender os antigos ofícios e depois
introduzir inovação e o seu cunho pessoal”, destacou o presidente da Câmara
Municipal, que confessou ainda ser fã de Graça Fonseca. “Tem valorizado a nossa
cultura e património e, acima de tudo, as nossas pessoas”, justificou.
Em nome do Instituto Lusíada de Cultura, associação cultural promotora do Museu Zer0 que está a nascer em Santa Catarina da Fonte do Bispo, no concelho de Tavira, falou João Correia Vargues, que recordou “o trabalho que tem sido realizado com bastante calma e em rede com muita gente, muitos territórios e muitas nações”. “Mas o Museu não será somente o edifício, mas toda a região algarvia. A pouco e pouco vamos apresentando a arte digital e a sua ligação com a tecnologia e o envolvimento com o ensino é inquestionável. A formação de públicos é essencial e temos levado artistas às escolas para falar de arte digital com os alunos e professores, independentemente do ano escolar ou da disciplina. O que interessa é mostrar como a tecnologia e a arte se podem juntar”, frisou João Correia Vargues, acrescentando que esta missão já chegou, no último ano e meio, à maior parte dos 16 concelhos do Algarve e a cerca de 1.500 alunos.
No uso da palavra, Graça Fonseca elogiou o trabalho
desenvolvido pelo Município de São Brás de Alportel, “num Centro de Artes e
Ofícios onde o saber fazer, valioso património imaterial, patente na Casa do
Artesão, convive, paredes meias, com a inovação da arte digital”. “Este é o
rumo certo para a educação e para a cultura, num desafio que está a ser
trilhado pelo Plano Nacional das Artes, desenvolvido pelas áreas governativas
da Cultura e da Educação e que tem como objetivo tornar as artes mais
acessíveis aos cidadãos. O «saber fazer» português é algo que temos que
preservar e transmitir para as novas gerações, até porque se trata de um ativo
económico muito importante e que nos distingue a nível global”, afirmou a
Ministra da Cultura. “As artes cruzam-se de uma forma natural e levam-nos a
refletir sobre o território de uma maneira completamente diferente do que
acontecia há 50 anos. A cultura é transversalidade e interceção e a arte
faz-nos sempre pensar e confrontar sobre o mundo que nos rodeia”, reforçou.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina