O Clube Naval da Fuzeta anunciou, no dia 11 de julho, a criação da primeira escola de formação de kiteboard do país, que irá funcionar nas instalações da sede provisória localizadas na Zona Ribeirinha da Fuseta, junto ao canal marítimo. A cerimónia, que contou com a participação de José Salvador Mendes Segundo, presidente do Clube, António Roquette, presidente da Federação Portuguesa de Vela, António Camacho, vereador da Câmara Municipal de Olhão, Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta, e Fátima Catarina, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve, entre outros convidados, serviu igualmente para falar da segunda edição do Campeonato Nacional de Kiteboard, a disputar-se, nos dias 12 e 13 de setembro, na Ilha da Armona, em frente à Fuseta.
Kiteboard que é a nova designação para o kitesurf, porque este deixou de ser olhado simplesmente como uma atividade de lazer e assumiu-se como modalidade desportiva federada e que fará parte, inclusive, dos Jogos Olímpicos de 2024. Razão que justificou também a criação, no concelho de Olhão, da primeira escola de kiteboard vocacionada exclusivamente para a formação, no seguimento do tremendo sucesso que teve, em 2019, o primeiro campeonato nacional de kiteboard, organizado pelo Clube Naval da Fuzeta. “Este ano fomos novamente escolhidos para a organização da competição, nas classes de TT:R, o massivo, que toda a gente conhece, em formato slalom; de Foil, em formato race; e de Wingfoil, em formato race”, adiantou Ricardo Magalhães, o coordenador da secção vela neste clube algarvio.
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Ricardo Magalhães, do Clube Naval da Fuzeta |
Com mais de três décadas de existência e um fôlego acrescido imprimido por uma nova geração de dirigentes, o Clube Naval da Fuzeta conta com 16 atletas federados em kiteboard, o que o torna um dos mais representativos desta modalidade a nível nacional, “porque a Fuseta tem um potencial único para este desporto e uma massa considerável de jovens que estavam de costas voltadas para o mar, o que não se compreende numa terra de pescadores”, explica Ricardo Magalhães. “Tivemos um ano bastante intenso, com a criação desta sede provisória, que oferece todas as condições aos nossos sócios e atletas, mas também com a organização da primeira Pan do Campeonato Nacional de Windsurf, no Alqueva, e do primeiro Campeonato Nacional de Kiteboard, aqui na Fuseta. No final de julho, vamos ter o Campeonato Nacional de Windsurf Slalom, no Martinhal, no concelho de Vila do Bispo, e depois, em setembro, a segunda edição do Campeonato Nacional de Kiteboard”, evidencia o dirigente.
O kiteboard está a tornar-se, de facto, numa modalidade desportiva muito exigente e profissional, mas Ricardo Magalhães defende que a componente de lazer nunca pode desaparecer. “As pessoas primeiro experimentam, numa toada de divertimento, para ver se gostam. Depois, uns fidelizam-se à modalidade e começam a competir. A grande mudança deu-se, sem dúvida, com a inclusão do kiteboard nos Jogos Olímpicos e o Clube Naval da Fuzeta foi pioneiro ao compreender a necessidade de apostar forte na formação. Somos o clube com maior número de licenças desportivas em Portugal, atletas que são do Algarve, mas de outros pontos do país também, até mesmo estrangeiros”, indica o entrevistado, um crescimento que se deve às condições excecionais da Fuseta para a prática desta modalidade, repete Ricardo Magalhães. “Conseguimos abranger todos os tipos de atletas. Temos uma parte interior de Ria que permite aos mais novos darem os primeiros passos em total segurança e depois temos o mar para os mais velhos evoluírem. Estamos a 100 metros da Barra e do Mar e a Ria Formosa é um sítio fantástico para estes desportos”, garante o dirigente, acrescentando que qualquer pessoa se pode tornar sócio do Clube Naval da Fuzeta e ter uma primeira experiência no kiteboard. “Qualquer desporto implica um investimento financeiro, mas não considero que, nesta modalidade, ele seja muito caro. Para além disso, o retorno, em termos de sensações, de prazer, é maravilhoso”.
A importância do Clube Naval da Fuzeta no contexto nacional foi atestada pela deslocação, nesta manhã de sábado, diretamente do Porto, de António Roquette, presidente da Federação Portuguesa de Vela. “Há que reconhecer o trabalho que o clube está a realizar, são 91 licenças desportivas. Apesar das suas dificuldades, tem vindo a criar um contexto muito agradável, tanto no windsurf, como no kiteboard. E, por isso, a Federação vai hoje oferecer mais quatro pranchas tecno ao Clube Naval da Fuzeta”, revelou. “A nossa vontade é levar a Paris, aos Jogos Olímpicos de 2024, um representante de kiteboard, masculino ou feminino, e é aqui que se vão formar os atletas do futuro. Um projeto olímpico não se faz em três ou quatro anos, mas sim em oito anos, temos que começar cedo a dar formação aos mais jovens. E o Algarve até já tem uma medalha olímpico de vela, com o Hugo Rocha e o Nuno Barreto”, recordou António Roquette. “São cerca de 12 clubes no Algarve com bastante atividade, provavelmente será a região de Portugal mais importante neste momento, em quantidade e qualidade”.
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Ricardo Magalhães, Francisco Sousa e Paulino Pereira |
No momento dos discursos oficiais, José Salvador Mendes Segundo lembrou que o Clube Naval da Fuzeta nasceu em 1986 e que teve uma vida risonha até ter ficado sem a sua sede, seguindo-se anos de alguma letargia. “Há quatro ou cinco anos, a juventude começou a tomar novamente conta do clube e, desde que temos esta sede provisória na Zona Ribeirinha, nota-se um grande aumento de sócios e atletas, e de todas as idades. Temos algumas limitações, vamos falar com a Câmara Municipal de Olhão e com a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, com a Federação Portuguesa de Vela e com o Instituto Português do Desporto e Juventude, a ver aquilo em que nos podem ajudar”, afirmou o presidente do Clube Naval da Fuzeta, que possui, atualmente, 46 atletas federados, entre os quais 6 adultos e 8 jovens a competir em windsurf e 16 adultos a competir em kiteboard. Atletas que são treinados por Paulo Sousa, no windsurf, e Francisco Sousa, no kiteboard, coordenados por Ricardo Magalhães.
Da parte da Câmara Municipal de Olhão, a resposta aos pedidos de apoio do Clube Naval da Fuzeta tem sido sempre positiva, recordou o vereador António Camacho, que não escondeu a satisfação de “voltar a ver a Fuseta com uma forte dinâmica desportiva no âmbito das atividades náuticas”. “Nunca recusamos a nossa ajuda às suas ações, mas também à construção do seu espaço da sede, no âmbito dos contratos-programa de desenvolvimento desportivo que assinamos com vários clubes do concelho. E que se estendem à organização de eventos como o Campeonato Nacional de Kiteboard”, afirmou o autarca. “É um ressurgimento feliz de um clube numa Fuseta que tanto o merece”, reforçou António Camacho. Já Fátima Catarina, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve, sublinhou a importância do turismo náutico para o Algarve. “Para além do «sol e mar», as atividades que se realizam no mar permitem atenuar a sazonalidade, uma vez que se praticam ao longo de todo o ano. Por isso, há que realçar esta nova dinâmica do Clube Naval da Fuzeta e ajudaremos na medida das nossas possibilidades, nomeadamente na divulgação dos eventos que organizam”.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina