A Re-Criativa República 14 retoma os concertos ao vivo no dia 4 de julho, com a atuação, no pátio exterior, das Moçoilas, naquele que se pretende que seja o regresso à normalidade desta associação cultural de Olhão. Uma associação que encerrou portas em meados de março, devido à covid-19, mas que foi encontrando outras formas de manter a sua atividade, nomeadamente com o ciclo de concertos online «Porta EntreAberta». “Têm sido tempos difíceis. As pessoas que estão agora a explorar o bar – o Gato Maltês – tinham começado a trabalhar em janeiro, estava-se a criar uma dinâmica muito engraçada e bem-sucedida, com exposições e espetáculos, aulas de português para estrangeiros, yoga, uma série de iniciativas, e tivemos que parar tudo por causa do coronavírus”, reconhece Maria João Cabrita.

Gato Maltês que, para além de explorarem o bar da República 14, tinham igualmente aberto uma loja de discos vinil onde atuavam regularmente dj’s, ao final da tarde, início da noite, às sextas-feiras e sábados, ou depois dos concertos, o que permitiu atrair um público mais jovem. A 15 de março, este processo evolutivo abortou, tendo recomeçado, um mês depois, as aulas de português para estrangeiro, o yoga e a capoeira, ambos em formato online, mas com êxitos distintos. “As aulas de português por internet permitiram, por exemplo, que alguns sócios as pudessem frequentar mesmo quando não estivessem cá em Portugal, o que foi positivo. Nos outros casos, aulas online não são a mesma coisa que aulas presenciais, não se consegue ter a mesma adesão”, refere Maria João Cabrita. Ora, sem as habituais contribuições dos frequentadores dos eventos culturais, chegou a temer-se o pior para esta associação, mas a situação financeira estabilizou graças aos contributos significativos de cinco sócios. “Sem eles, neste momento estávamos a contar os tostões para pagar a conta da luz e da água. Com a generosidade destes dois casais e de mais um sócio, conseguimos manter o núcleo duro dos colaboradores, para além das despesas correntes do funcionamento do edifício”, confirma a dirigente. 

Empolgados com a chegada à República 14 estavam João Apolónia e Marco Lampreia quando assumiram a exploração do bar da associação e os prejuízos podem avolumar-se porque, infelizmente, permanece a incerteza no ar de quanto tempo demorará esta «nova» realidade. Gato Maltês que já tinha existido, em 2012, na baixa de Faro, quando Portugal foi afetado por outra crise. “Já começamos a achar que o problema é do Gato, que atrai crises”, graceja João Apolónia, que possui outros negócios semelhantes em Loulé. “O projeto assenta numa forte dinâmica cultural, com a componente do vinil, da polaroid e do mobiliário de época e também de uma vertente de cafetaria e gastronomia. Andávamos à procura de um espaço e surgiu a oportunidade da Re-Criativa, que já dinamizava diversos eventos culturais”, explica o empresário.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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