Para assinalar o centenário de nascimento da rainha do fado, o Grande Auditório do TEMPO - Teatro Municipal de Portimão recebeu, no dia 12 de setembro, o espetáculo inédito «Amália Rodrigues - 100 Anos». E felizes podem-se considerar aqueles que conseguiram bilhete, pois a lotação esgotou praticamente assim que os ingressos foram colocados à venda, também devido às restrições da DGS que reduziram o número de lugares na sala.
Os nomes exibidos no cartaz prometiam um grande espetáculo, mas foi muito mais de que se esperava, a alegria dos participantes, público e artistas era evidente, a vontade de sair de casa e participar em eventos culturais é muita, sendo que este era bastante especial para as duas partes: era dia de homenagear a nossa diva da canção nacional. O trio de guitarristas, Ricardo J. Martins, Luís Trindade, Cláudio Sousa, abriram a noite com um medley de temas da diva do fado e acompanharam a jovem promessa do fado Luana Velasquez, que se prepara para lançar o seu primeiro registo discográfico.
O virtuoso pianista nascido em Olhão, Júlio Resende, revisitou Amália Rodrigues como só ele o sabe fazer, o público deixou-se levar pelo som que lhe parece magicamente sair das pontas dos dedos. «Medo», o dueto com Amália, fechou a atuação, mas mal os presentes sabiam que Júlio Resende iria voltar. Laura Abel encheu o palco ao som de «Uma Casa Portuguesa» num momento de dança contemporânea de imensa beleza. Teresa Aleixo, acompanhada pelos Suricata, tinha um dos trabalhos mais difíceis neste contexto e que suscitava maior curiosidade, desconstruir os temas de Amália de uma forma informal ao seu jeito e dos seus companheiros de palco. O resultado foi simplesmente divino, ouviram-se «Nem às Paredes Confesso», «Au Bord do Tage» e «Maria Lisboa», versões que superaram todas as espectativas e mereceram o reconhecimento do público.
Um dos nomes mais esperados do espetáculo, Marco Rodrigues, um dos mais reconhecidos fadistas nacionais e que foi artista revelação dos Prémios Amália Rodrigues em 2008, interpretou «Estranha Forma de Vida» e «Senhor Vinho» e, para surpresa de todos, convida para o palco Júlio Resende, que o acompanhou em «Acho Inúteis as Palavras» e «Fadinho da Tia Maria Benta», proporcionando um dos mais surpreendentes momentos da noite. Honras que fecho para quem foi Amália durante três anos nos palcos de Filipe La Feria. Alexandra tem como referência a diva do fado e mostrou-o como só ela o sabe fazer em «Lágrima», «Ai Maria», «Gaivota», «Povo Que Lavas no Rio» e no encore final para terminar em festa, «Tirana», com toda a gente a cantar e a aplaudir.
O espetáculo não podia ser melhor, algumas das mais belas canções da nossa música foram vividas de uma forma intensa e de rara beleza, quem esteve presente viveu momentos irrepetíveis que vão ficar na memória para sempre.
Texto: Som Direto | Fotografia: Vera Lisa
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