Integrado no primeiro andamento da sua programação de 2020/21, a «Folha de Medronho – Artes Performativas» vai estrear a sua sexta criação/teatro, «As primas de Godot», de Pedro Malaquias, no Cineteatro Louletano, a 6 de novembro, pelas 2130. De acordo com o encenador, João de Mello Alvim,
“as primas de Godot esperam o fim do mundo, ouviram dizer que ele vinha aí, e que podia ser a qualquer momento”. “Que era só uma questão de tempo. Por isso esperam. E esperam sem esperança de que alguma coisa, ou alguém possa aparecer de repente para o evitar. E esperam só que, ao menos, seja uma coisa espetacular, grandiosa, digna da grande tragédia humana. Mas também isso não é certo”, explica um dos cofundadores da Folha de Medronho.

João de Mello Alvim adianta que pode bem acontecer que o fim do mundo nem sequer chegue, ou que sejamos nós todos a acabar primeiro, depois de termos tornado o mundo inabitável para todas as formas de vida existentes e conhecidas. “Pode bem acontecer que esse final não tenha nada de grandioso. Que seja apenas uma asfixia lenta, um definhar progressivo de toda a vida. Pode ser que depois do fim reste apenas um planeta povoado de fantasmas”, refere. 



Ora, perante esta inevitabilidade anunciada, as primas de Godot preferem esperar sentadas e, para elas, é como se o tempo não existisse. “Talvez ainda não se tenham dado conta de que cada segundo que passa é um segundo a menos da vida que lhes resta. Olhos que não veem, coração que não sente. O que mais lhes dói é esta espera. Não se mexem sequer para ir tentar ver o que se passa, ou tentar mesmo evitar o fim anunciado. Nada. Esperam. E a elas, a espera, dá-lhes fome”, adianta o encenador.

Com Texto de Pedro Malaquias e Encenação, Dramaturgia e Ambiente Plástico de João de Mello Alvim, a Interpretação de «As Primas de Godot» está a cargo de Anália de Pina Manuel (estagiária) e Alexandra Diogo. A sexta criação da Folha de Medronho teve financiamento e apoio à produção da Câmara Municipal de Loulé e do Cineteatro Louletano, no âmbito da Bolsa de Apoio ao Teatro 2020.

Fotos: Diogo Simão