Está patente ao público, até 29 de novembro, na Associação 289, em Faro, «montanhas de amor», exposição de Milita Doré que tem como artistas convidados Ana André, Bertílio Martins, Catarina Correia, Christine Henry, Francisco Valente, Gustavo Jesus, Jorge Graça, Manuel Rodrigues, Miguel Cheta, Susana de Medeiros, Tiago Batista e Vasco Célio. A exposição expande a ideia de paisagem da artista que adentra, pela primeira vez, na paisagem inusitada do próprio corpo, região até então inexplorada. “A tomada de decisão de autorretratar-se, e de se deixar retratar, surge num momento de extrema sensibilidade – a descoberta de um cancro da mama. A artista decide convidar amigos e amigas artistas para retratá-la antes de sofrer o tratamento que iria deixar cicatrizes, reais e metafóricas, no seu corpo. Entre vídeos, esculturas, instalações, fotografias e desenhos, Milita Doré reafirma a sua condição de mulher e artista. Criadora de paisagens, condutora do seu próprio destino, a artista transformou as obras dos outros em suas, fundiu as representações com a presença do próprio corpo que se deixou retratar, que não resistiu, que se deu de forma generosa e que foi acolhido por mãos e olhos afetuosos”, diz Mirian Tavares, docente da Universidade do Algarve e diretora do CIAC, sobre a exposição.


Exposição que tivemos o privilégio de visitar, no dia 13 de outubro, na companhia de Milita Doré, natural de Albufeira e licenciada em Artes Visuais pela Universidade do Algarve. Observadora silenciosa dos seres humanos e dos seus interesses, trabalha de forma emotiva, mas também realista, e tudo isso constamos ao percorrer as várias salas da Associação 289, nas Pontes de Marchil, à entrada da capital algarvia, enquanto nos ia explicando algumas das peças expostas. “Este lençol fazia parte do enxoval da minha avó paterna. Éramos bastante chegadas e contou-me algumas coisas da sua noite de núpcias. Naquela época, muitas mulheres só conheciam os maridos nessa noite. Este lençol para mim simboliza um grande momento de esperança e expetativa, de sonhos e desejos, e, quando nos aproximamos dele, vemos que bordei lá a frase «chupa-me as mamas», que nos remete à sexualidade, feminina e masculina”, descreve.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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