Teve lugar, no dia 16 de dezembro, no Campus da Penha da Universidade do Algarve, em Faro, a cerimónia de início das obras do UALGTEC CAMPUS – Aceleradora de Empresas, com a presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. O UALGTEC CAMPUS pretende dinamizar e expandir o ecossistema tecnológico da região, a nível nacional e internacional, para as áreas das tecnologias da informação, impulsionando uma mudança favorável na economia e sociedade regional e nacional. 
O valor de investimento global do Polo Tecnológico, que engloba o UALGTEC Campus e o UALGTEC Health, é de 6 milhões, 645 mil e 515,42 euros, com cofinanciamento pelo FEDER, através do Programa Operacional Regional do Algarve 2014-2020 (CRESC Algarve 2020), de 4 milhões, 651 mil e 860,79 euros e autofinanciamento de 1 milhão, 993 mil e 654,63 euros. 

O projeto deu o «pontapé-de-saída» há precisamente 592 dias, a 4 de maio de 2019, num ato público em que participou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
“Cumpria-se mais uma etapa de um projeto que, estou certo, será determinante para o desenvolvimento da Universidade e com um forte impacto na economia regional, contribuindo para a sua tão necessária diversificação”, afirmou Paulo Águas, Reitor da Universidade, no dia em que se comemorava igualmente o 41.º aniversário da Academia algarvia. 



Paulo Águas lembrou, porém, que antes dessa data já tinha sido percorrido um longo caminho, uma vez que, a 3 de maio de 2018, o então Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, atual Ministro do Planeamento, Nelson Sousa, visitara este preciso local para conhecer o projeto do Pólo Tecnológico da Universidade do Algarve. “Para mim, esse foi o «Dia D», o momento em que um governante disse para avançarmos com o processo. Aberto o Aviso, foi tempo de preparar uma candidatura complexa e condicionada pelos fundos comunitários disponíveis, e o João Rodrigues, Pró-Reitor para a Transferência e Inovação, teve um trabalho espetacular. Mas antes disso, em dezembro de 2017, já tinha sido convidado pelo Miguel Fernandes para visitar a Dengun, um espaço de coworking de Faro, e nunca tinha visto tantas pessoas a trabalhar por metro quadrado”, recordou o Reitor da UAlg, que pouco tempo depois se reuniu com João Guerreiro, outro dos principais mentores deste projeto, para perceber que, “no essencial, pretendia-se transformar as salas de um complexo do Campus da Penha no UALGTEC Campus, que faz parte de um digital hub que está a ser construído na região”, acrescentou. 

Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve


A obra física só agora avançou, todavia, porque o primeiro procedimento concursal lançado ficou vazio de candidaturas, o que levou à reformulação do projeto, com Paulo Águas a agradecer a compreensão da CCDR Algarve, que conseguiu aumentar o financiamento disponível. “Antes do final de 2021 esta obra estará concluída – tem um prazo de execução de nove meses – e a definição do modelo de governança já se encontra num estado bastante avançado, pelo que estará finalizado com a antecedência necessária para que tudo avance após a empreitada terminar. E, depois, nada será como de antes”, garantiu Paulo Águas. “A flexibilidade do projeto, em termos de solução arquitetónica, pode permitir que trabalhem neste espaço entre 300 a 350 pessoas, a esmagadora maioria das quais com formação superior. Mas o principal benefício para a Universidade será a interação obrigatoriamente estabelecida com as empresas, quer em projetos educativos como de investigação. O UALGTEC CAMPUS irá contribuir para a criação de riqueza, para o aumento do emprego qualificado, para a diversificação do tecido económico regional, para a inovação pedagógica e para a criação de conhecimento. Vamos poder fazer mais e ser melhores”, frisou, embora admita que a Universidade do Algarve tenha sido algo penalizada pelo quadro comunitário de apoio que agora está a terminar, comparativamente com instituições do ensino superior do Norte, Centro e Alentejo. “Vem aí um novo Quadro Comunitário e o Algarve precisa de mais financiamento para a ciência e para a transferência de tecnologias. Contem connosco, queremos fazer mais”, declarou Paulo Águas.

Um edifício para fomentar a criatividade, produtividade, investigação, desenvolvimento e inovação

O projeto do UALGTEC CAMPUS foi dado a conhecer pela arquiteta Mónica Rosa, da Lotus Studio Arquitetura Sustentável, tendo sido desenvolvido, ao longo de 2018 e 2019, por uma equipa multidisciplinar de arquitetos, arquitetos paisagistas, engenheiros civis, engenheiros eletrotécnicos e engenheiros mecânicos, com especializações em diversas áreas. A intervenção localiza-se na zona nordeste do perímetro urbano de Faro, especificamente no Campus da Penha da Universidade do Algarve, numa área que comporta cerca de 4.800 metros quadrados, sendo cerca de 3 mil metros quadrados em espaços exteriores. “A implantação do edifício abarca cerca de 1.800 metros quadrados, multiplicados por três pisos. A reabilitação de toda a área de intervenção permitirá caracterizar e dignificar uma parte do Campus que se afigura como espaço de articulação entre três edifícios distintos, nomeadamente o Complexo Pedagógico (futuro Pólo Tecnológico), o edifício de Auditórios e o edifício das Oficinas. Os acessos ao edifício existente localizam-se a noroeste, através de uma praça de chegada e a nascente, através do arruamento de acesso ao parque de estacionamento localizado no Piso Térreo”, explicou Mónica Rosa. 



O edifício existente foi construído em 1995 e posteriormente prolongado para Sul para albergar a Biblioteca da UAlg. De forma retangular alongada, o edifício foi especificamente concebido para uma função educacional, com uma distribuição longitudinal, ladeado de salas de aula e com átrio de entrada e circulação a norte. Os objetivos preliminares da intervenção contaram, por isso, com a condicionante que é o edifício pré-existente e a articulação com toda a envolvente. “Assim, foi mantido apenas o «invólucro» do edifício, removendo e reformulando toda a compartimentação interior ao nível dos dois pisos superiores, mas mantendo, na generalidade, os espaços existentes ao nível do Piso Térreo, para adaptar o espaço às novas funções. Pretendeu-se a criação de um edifício de referência, com coerência e qualidade dos espaços de estadia, lazer e trabalho. Será igualmente um edifício de exceção no que diz respeito à sustentabilidade, pois está prevista a colocação de cerca de 200 painéis fotovoltaicos para produção de energia elétrica e equipamentos de medição, controlo e análise de consumos. Os espaços de trabalho deverão ser direcionados para a criatividade, a produtividade, a investigação, desenvolvimento e inovação”, descreveu Mónica Rosa.

Mónica Rosa, da Lotus Studio Arquitetura Sustentável

Depois de apresentado o projeto, José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, lembrou que a Universidade do Algarve nasceu por vontade do território e graças ao “arrojo e combate” de José Vitorino, na altura Deputado da Assembleia da República, que introduziu o seu projeto da criação “um pouco contra o vento da altura”. “Este projeto é muito importante para o Algarve, no que toca à diversificação da atividade económica da região, e está em linha com a Agenda Digital Europeia e com o Plano de Ação de Transição Digital, aprovado em abril. Há um objetivo do Governo da República de chegar a 3 por cento de investimento na Ciência e, em conjunto com os autarcas algarvios, vamos procurar que a UAlg reforce o seu papel na inovação e na ciência. Neste Quadro Comunitário de Apoio tem aprovados, até agora, 11,5 milhões de euros, o que corresponde a 3,6 por cento do total programado”, revelou José Apolinário, assegurando ainda o empenho deste órgão descentralizado no fortalecimento de áreas que têm a ver com o Mar, as TIC, as Energias Renováveis e Eficiência Energética, a Saúde e Envelhecimento Ativo, o Agroalimentar e a Literacia da Ciência. 

José Apolinário, presidente da CCDR Algarve

Para a «madrinha» do futuro Pólo Tecnológico da Universidade do Algarve, não há melhores projetos ou iniciativas onde colocar fundos comunitários do que aqueles relacionados com a Ciência. “Estamos aqui com fundos europeus a estimular o projeto de uma Universidade e a colocar a Ciência ao serviço da comunidade, das empresas, das IPSS, da cultura, das autarquias. Este é o melhor desígnio que podemos dar à solidariedade que existe nos países da União Europeia e que nos permite ter um pacote financeiro dedicado a estes projetos”, defendeu Ana Abrunhosa, reconhecendo, todavia, que são necessários mais meios financeiros para alocar à Ciência. “Se há coisa que a pandemia veio ensinar ao cidadão comum é a importância da Ciência e a Universidade do Algarve tem sido uma referência por bons motivos, nomeadamente pelo trabalho realizado pelo ABC – Algarve Biomedical Center nos diagnósticos e no desenvolvimento de metodologias de testagem à covid-19”, destacou a Ministra da Coesão Territorial.

Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial

Certa de que o Turismo continuará a ser um setor fundamental para o desenvolvimento do Algarve e de Portugal, a governante entende que esta atividade deve encontrar mais fatores de competitividade que contrariem a sua sazonalidade, mas chamou a atenção, sobretudo, para a necessidade de se diversificar a base económica da região algarvia. “A Universidade do Algarve vai ter um papel muito importante naquilo que queremos fazer, no estímulo de outras atividades que já têm cá sementes, nas áreas da Saúde, da Energia, das Tecnologias e do Mar. Hoje, é o conhecimento e a ciência que nos permitem tirar valor económico e social dos nossos recursos, ao mesmo tempo que os preservamos e protegemos”, salientou Ana Abrunhosa. “O facto da solidariedade europeia ter dado ao Algarve um pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos comunitários traz-nos uma responsabilidade bastante grande, pois temos que apresentar um programa com objetivos e indicadores muito concretos, e com ambição, com vista a alcançarmos um Algarve mais resiliente, com empresas mais inovadoras e com trabalho mais qualificado. Precisamos empenhar-nos todos no desenho desta estratégia, definir as suas metas e quais os melhores caminhos a seguir. Isso vai implicar fazer escolhas em conjunto, que façamos umas coisas e não façamos outras, e que façamos diferente daquilo que fizemos no passado. E essas escolhas têm que ser assumidas por todos”, afirmou a Ministra da Coesão Territorial. “Se não houvesse pandemia, pensávamos que ainda tínhamos mais uns anos para mudar. Com a pandemia, percebemos que já é tarde para mudarmos, mas não podemos baixar os preços. Não devemos ter medo das dificuldades que temos pela frente, nem das escolhas que vamos precisar fazer, e podem contar com esta Ministra para percorrer esse caminho convosco”, terminou Ana Abrunhosa, antes de rumar ao Campus de Gambelas da UAlg para visitar os investimentos em curso em inovação na área da saúde.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina