Em Loulé, a nova exposição «Cada Lugar/Each Place», de Fernando Gaspar, marcou a reabertura, a 5 de abril, da Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, que pode ser visitada até 23 de maio. "Arrasto o silêncio sobre a matéria, incorporo e contamino. Faço-me montanha, angulosa vontade por entre o linho e o aço, e o plano das mesas. Tendão a tendão solto os rios e os naufrágios, as mortes que a noite amarra às vedações, à luz fria e fronteiriça dos holofotes. Dos lugares emana o alcatrão e o pólen, o tempo de um grito. Com as mãos e o peito moldo tudo, tudo esmago e reformo; risco no chão a importância das coisas, escrevo o tamanho das sombras na espessura do vento. Da minha cabeça, desce até à crosta da Terra, o alfabeto dos pássaros e das crias, perfumando as árvores, fertilizando os vales, as infindáveis planícies. Cada lugar é um amanhã", descreve Fernando Gaspar sobre a sua arte.
Segundo o curador João Moniz, a pintura de Fernando Gaspar encontra-se ligada a uma abstração gestual, com um Retenue – que significa uma aproximação entre Pierre Soulages e os negros profundos de Hans Hartung – processos de trabalho onde a vivência do pintor é aproximada ao pintor do cavalete, École de Paris e, mais tarde, ao movimento Rapard-Surface. “Fernando Gaspar não está preocupado, na sua linha de trabalho, em estabelecer paralelos com a realidade visual, ele vê pela sua síntese, a sua linha situa-se numa abstração, onde o papel da imagem é referido na sua própria profundeza visual. Onde esses fundos parecem nuvens de um mundo onde a própria pintura reside em vácuos: eis o segredo”, entende João Moniz.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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