É a primeira mulher presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, mas conhece bem os cantos ao concelho e à «casa» que vai comandar durante os próximos quatro anos, uma vez que integrou os anteriores executivos autárquicos liderados por ex-edil Adelino Soares. Mas a tarefa de Rute Silva não se avizinha nada fácil, por se tratar de um concelho de baixa densidade, inserido no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, com um reduzido orçamento e, acima de tudo, por não ter sido eleita com maioria absoluta.
“A campanha foi boa, acho até que deviam existir mais, porque é muito positivo andar na rua em contacto direto com as pessoas. Algo que, no dia-a-dia, se vai tornando difícil, pois passamos bastante tempo nos gabinetes a tratar dos assuntos. Estamos todos de parabéns porque foi uma campanha eleitoral sem maledicências. Quanto aos resultados, queremos sempre mais, mas havendo outras forças a concorrer – e assim é a democracia –, foi esta a vontade da população e é com este figurino que vamos trabalhar neste mandato”, referiu a entrevistada em início de conversa.

Vila do Bispo é, de facto, um concelho com muitas particularidades, dividido entre duas costas, ali quase como que «esquecido» no extremo do barlavento, mas as características especiais do território ficaram bastante evidentes durante a pandemia que ainda continuamos a viver, pois foi muito procurado por cidadãos estrangeiros que buscavam locais mais tranquilos e pacíficos. “Somos um sítio onde as pessoas ainda podem caminhar à vontade, encontrar-se com elas próprias e com a natureza, longe da confusão. Esta paz é uma mais-valia para Vila do Bispo, mas o concelho tem diversas carências, nomeadamente na habitação, saúde e acessibilidades”, reconhece Rute Silva. “Há propostas no meu programa que são para concretizar a longo prazo, inclusive a 12 anos, o período máximo que poderei estar neste cargo, porque não vale a pena fazer promessas quando depois não há orçamento para as cumprir. De qualquer modo, a habitação vai ser a nossa grande prioridade. Temos que fixar pessoas no concelho, pois cada vez são maiores as dificuldades para arranjarmos quadros qualificados, tanto na autarquia como nos empreendimentos turísticos e nas empresas locais”, assume. “A própria mobilidade, sobretudo no Verão, complica a captação de empregados dos concelhos vizinhos, porque só temos a EN 125, com todas as condicionantes que bem conhecemos”, acrescenta.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Leia a entrevista completa em:
REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #312 by Daniel Pina - issuu