No Dia Internacional do Voluntariado, que se comemora a 5 de dezembro, a Câmara Municipal de Portimão prestou homenagem pública a várias associações e pessoas que se têm distinguido pelo trabalho comunitário efetuado em período de pandemia, nomeadamente na entrega de refeições, cabazes e medicamentos ao domicílio e na realização de compras. A sessão, que teve lugar no Auditório do Museu Municipal de Portimão, contou com a partilha de experiências em tempos de covid-19 por parte de João Lagartinho (Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento de Portimão), Manuela Santos (Cáritas Paroquial de Nossa Senhora da Conceição – Matriz de Portimão) e Sara Bruins (voluntária em nome individual).


Após os testemunhos, foram homenageadas a Cáritas Paroquial Nossa Senhora da Conceição – Matriz de Portimão, ADRA – Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência, ACRA 1.º Dezembro, Associação Flor Amiga, GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes, MAPS – Movimento e Apoio à Problemática da Sida, Associação para o Planeamento da Família – Projeto Rio, Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento N.º 159 – Portimão e Corpo Nacional de Escutas Agrupamento de Alvor, bem como os voluntários a título pessoal Sara Bruins, Miguel Andrade, Marisa Guerreiro, João Sobral, João Gouveia, Catarina Menezes, Tynara Nascente, José Brito, Aleida Monteiro, Sónia Baiona, Diogo Diniz, Custódia Entradas e Arnaldo Silveira, que ofereceram os seus préstimos no âmbito da Plataforma do Voluntariado de Portimão, lançada recentemente pela autarquia local. Com este gesto, o Município de Portimão pretendeu enaltecer publicamente a vertente do voluntariado, que voltou a estar no centro das atenções enquanto ato de cidadania ativa, constituindo uma componente importante no percurso de vida dos envolvidos e contribuindo para reduzir disparidades sociais e promover a necessidade e o dever de ajudar o próximo.



No mesmo âmbito foram entregues os prémios e menções honrosas aos vencedores do Prémio Municipal de Voluntariado, galardão criado, em dezembro de 2018, pelo Município de Portimão para distinguir projetos nas áreas da solidariedade, saúde, ambiente, economia social, educação e formação, que promovam a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens, idosos, cidadãos portadores de deficiência ou outras pessoas em situação vulnerável. A título coletivo, o primeiro prémio, no valor de 6 mil e 500 euros, foi para o projeto «SER na Demência» da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, sendo entregue uma menção honrosa à Santa Casa da Misericórdia de Alvor pelo projeto «Horticultura Terapêutica». Já a título individual, Inês Sousa Reis também recebeu 6 mil e 500 euros para implementar um Jardim Sensorial, cabendo a menção honrosa a Rita Paulo Nunes Ricardo.

A entrega do Prémio Municipal de Voluntariado deu o «pontapé-de-saída» às comemorações do Dia da Cidade de Portimão, que se assinala a 11 de dezembro, e é mesmo, para Isilda Gomes, um dos momentos mais marcantes do programa, “porque a solidariedade e o voluntariado são imprescindíveis e insubstituíveis”. “Se não tivéssemos esta rede de voluntários e de associações, dificilmente seríamos capazes de dar resposta às necessidades da população. Por isso, sinto um enorme orgulho naquilo que vocês todos os dias dão aos outros. Vivemos numa sociedade em que a solidariedade não é apenas uma palavra bonita, mas é um ato que se concretiza ao longo de todo o ano, e não apenas nesta época natalícia, que é um momento de paz e amor por natureza”, frisou a presidente da Câmara Municipal de Portimão.



Isilda Gomes não se cansa de dizer que a maior riqueza de Portimão são as suas pessoas e acredita mesmo que não existem muitas cidades e concelhos “com esta capacidade de se dar e entregar aos outros e de trabalhar para que os outros sejam menos infelizes”. “Todas as associações de Portimão da área social têm feito um trabalho com uma dignidade que bastante nos honra. É claro que muitas delas não existiriam sem o apoio da Câmara Municipal, mas essa é a nossa obrigação, caso contrário, teríamos que contratar 10, 20, 30 vezes mais técnicas e funcionários para fazerem aquilo vocês fazem”, assumiu a edil, perante os dirigentes associativos que se encontravam na plateia. E a autarca mostrou-se especialmente preocupada, não com as pessoas que já estão no sistema e que habitualmente recebem algum tipo de apoio da rede social, mas com a «pobreza envergonhada». “Pessoas que estão a passar mal, mas que têm vergonha de se dirigir aos locais onde lhes podem dar alimentos, roupa, medicamentos. Por isso, precisamos estar atentos a estas situações que podem estar a acontecer mesmo ao nosso lado e, por vezes, nem nos damos conta delas. Quero fome zero em Portimão, porque a Câmara Municipal tem, felizmente, neste momento uma situação financeira que lhe permite fazer face à necessidade de dar alimentos, roupa e medicamentos a quem deles precisa”.



Olhar para todos e por todos é um desejo de Isilda Gomes, daí não ter palavras suficientes para agradecer ao movimento associativo de Portimão e ao seu contributo para um mundo melhor. “Assim conseguimos dormir com mais tranquilidade, porque não é possível sermos felizes se, ao nosso lado, à nossa frente, tivermos pessoas em sofrimento. Que não seja por falta de dinheiro que não damos as respostas a quem delas carece, aliás, em 2020 assinamos três contratos específicos com as associações por causa da covid-19. Vocês multiplicam e transformam o dinheiro que recebem da autarquia em tudo aquilo que faz falta às pessoas”, destacou a presidente de câmara, para quem este Prémio Municipal de Voluntariado é “uma ode ao valor das pessoas e à solidariedade, um apelo ao amor que todos nós devemos ter cá dentro para com o nosso próximo”.



Um prémio que recebeu diversas candidaturas, a título coletivo e individual, o que muito agrada a Isilda Gomes, daí o valor monetário ter aumentado dos 5 mil euros iniciais para os atuais 6 mil e 500 euros. “A questão da Alzheimer diz-me muito, convivi com esse problema durante quase 10 anos, e sei o quanto as famílias precisam de apoio e não o têm. Cada vez temos pessoas a viver mais anos, cada vez temos mais pessoas a sofrerem de Alzheimer, e há muitos dias em que os seus familiares se vão abaixo e precisam de uma vozinha a dar-lhes força”, indicou a presidente da Câmara Municipal de Portimão, deixando no ar a possibilidade de, em edições futuras, se aumentar o número de projetos apoiados por este Prémio. “Tudo depende do envolvimento das pessoas e das instituições, e esse tem sido fantástico”, salientou, antes de deixar os votos de Feliz Natal a todos os presentes e, acima de tudo, em segurança e com saúde. “Em Portimão estamos muito mal em termos de covid-19, temos bastantes infeções, não vale a pena estarmos a «tapar o sol com uma peneira» e a dar uma falsa sensação de segurança às pessoas. Infelizmente, ainda temos muita gente que continua sem se vacinar e são essas pessoas que constituem a maior parte dos casos mais complicados. Espero que 2022 seja melhor que os dois últimos anos, porque não sei se alguma vez passamos por uma tempestade destas a seguir ao terramoto de 1755. Isto está a ser um autêntico terramoto para todos nós, precisamos ter capacidade para lutar e sobreviver, e acreditar que há futuro, que não é este vírus que vai acabar com a Humanidade”, finalizou Isilda Gomes.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina