Foi inaugurada, no dia 2 de fevereiro, Dia Mundial das Zonas Húmidas, uma nova exposição no Centro de Educação Ambiental de Marim (CEAM), sede do Parque Natural da Ria Formosa e da Direção Regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, em Olhão. «Ria Formosa» vem substituir a mostra que estava patente há já 30 anos naquele espaço, numa iniciativa do Turismo do Algarve para promover a mais importante zona húmida do Sul do país e que recorre a painéis informativos, fósseis e conchas da ria, objetos arqueológicos da época romana e objetos representativos das artes de pesca.


A nova exposição é um equipamento estrutural à disposição do CEAM, espaço que em 2019 recebeu cerca de 35 mil pessoas, entre escolas e visitantes nacionais e estrangeiros, e comprova que “é cada vez mais possível e desejável um olhar de complementaridade entre o turismo e a natureza”. “Durante muitos anos, aqueles que tinham como vocação e obrigação legal defender os ecossistemas viam o turismo e a presença humana como um problema e uma ameaça. E é verdade que, em bom vigor, no início da década de 80 do século passado, alguns exageros feitos por todo o país levaram a que tivessem uma certa razão. Contudo, a aprendizagem que a sociedade, a comunidade, os empresários, os dirigentes públicos e as pessoas em geral foram fazendo nos últimos 30 anos, traz-nos hoje a um ponto de muito maior equilíbrio, embora os equilíbrios nunca sejam perfeitos e tenham que ser trabalhados e conquistados diariamente”, referiu António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, que não tem dúvidas de que os empresários algarvios ligados ao turismo entendem que a natureza é uma mais-valia e um complemento essencial para o principal produto da região, o «sol e praia». “Há muito mais para descobrir para atenuar a sazonalidade”, reforçou o autarca.

O diretor regional da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve (DRCNF), Joaquim Castelão Rodrigues, sublinhou que esta exposição permanente dá a conhecer os vários habitats existentes na área do Parque Natural da Ria Formosa, a sua flora e fauna, compatibilizando a relação das atividades dos homens com a conservação desta natureza prodigiosa. “A exposição tem como objetivo o deleite dos visitantes e serve a educação ambiental, constituindo-se como um equipamento cultural raro no Algarve, sendo o único dedicado à interpretação de um parque natural”, apontou. “A Ria Formosa foi classificada como Zona Húmida de Importância Internacional em 1981, um reconhecimento inteiramente merecido, pois possui uma elevada biodiversidade e é essencial à vida de todos os que a habitam, dos bivalves aos peixes, dos répteis às ervas, das plantas aos homens. Isto é já razão suficiente para a protegermos, mas os seus benefícios não se ficam por aqui, pois é fundamental para as várias atividades económicas que exploram os seus recursos, como a salicultura, a mariscagem e os viveiros de ameijoas e ostras. É igualmente importante para a pesca profissional, não pelo que pescam dentro da Ria – onde a pesca é condicionada – mas pela função de viveiro que a Ria possui, pois é um local de maternidade e engorda de muitas espécies que depois migram para fora da área estuarina”, explicou.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #326 by Daniel Pina - Issuu