Augusto Emiliano da Costa nasceu em Tavira a 3 de dezembro de 1884 e faleceu em Faro a 1 de janeiro de 1968. Frequentou o Ensino Liceal em Beja e estudou Medicina em Coimbra, curso que concluiu em 1914. Depois disso, radicou-se na aldeia de Estoi, no concelho de Faro, onde exerceu medicina até à sua morte. Em paralelo, desenvolveu uma intensa atividade cultural, com 13 livros escritos e muitos poemas publicados em jornais regionais nas décadas de 30 a 50. Uma obra em que está bem visível o amor que nutria pelo seu Algarve, pelas suas gentes e pelos seus costumes, e que o escritor Luís Barriga está a relançar, através da Arandis Editora, num trabalho gigantesco que pretende recordar um homem da medicina e das letras que, ao contrário do que sucedeu com muitos dos seus contemporâneos, até teve uma grande projeção em vida. “Foi alvo de várias cerimónias em sua homenagem, chegou até a inaugurar ruas com o seu nome, em Faro, Tavira e Estoi. Porém, nos últimos 50 anos, pouco se tem falado sobre o Emiliano da Costa. No século passado fizeram-se alguns trabalhos académicos na Universidade do Algarve e o professor Amílcar Quaresma, que também é de Estoi e foi seu amigo, publicou igualmente um livro sobre a sua obra, mas pouco mais”, conta Luís Barriga.
Chegado a Estoi com 30 anos, Emiliano da Costa começou por exercer medicina privada na Rua da Igreja, casou-se com uma rapariga da aldeia, em 1915, e foi viver para a casa da família da esposa, na Rua do Pé da Cruz. A partir de 1919 integrou o chamado Partido Médico, tendo a responsabilidade de dar assistência às pessoas de Estoi, Santa Bárbara de Nexe e Conceição de Faro, o que fez até 1954, tendo-se reformado com 70 anos de idade. “Ao mesmo tempo, foi sempre cultivando o gosto pela poesia, pintura e desenho, bebeu toda a cultura do meio onde estava inserido. Por isso, a sua poesia é voltada para este deslumbramento com a paisagem, com os ciclos vitais da vida, em sintonia com a agricultura e todo o trabalho rural. É uma obra vincadamente etnográfica, bastante cultural, que muitas vezes suscitou alguma perplexidade por misturar léxico da medicina com palavras da linguagem algarvia. Isso fazia com que a sua poesia fosse, por um lado, difícil de interpretar por pessoas com nível cultural baixo ou que não estivessem ligadas à medicina, biologia e botânica, mas também os intelectuais tinham dificuldade em lidar com os regionalismos que utilizava”, descreve o psicólogo e escritor.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #336 by Daniel Pina - Issuu