Em Caim, Saramago narra com ironia e sarcasmo uma versão crítica dos episódios do Antigo Testamento. Caim, o primeiro dos assassinos, deriva solitário pelo tempo e pelos povos, questionando o dogma religioso que tudo justifica, e confrontando diretamente o Deus bíblico ancestral, negligente e impiedoso. Em ambos se assomam as imperfeições da natureza humana.


Foi esta a história que o Teatro Estúdio Fontenova levou a cena, no dia 26 de novembro, no Teatro Lethes, em Faro, numa estreia em Portugal. “Sujeitámo-nos a horas de debate sobre o livro, o autor, a política, a religião e a fé. Seguiram-se ponderações inadiáveis sobre o cartaz, a sinopse, o cenário, os figurinos, a música e a interpretação. Porque é Caim uma obra tão revolucionária hoje? O que podemos nós acrescentar às palavras de Saramago? Como pode o humor ser a coisa mais séria do mundo? Tal como Deus e Caim, a única coisa que sabemos é que continuamos a discutir, e que a discutir estaremos ainda, até ao fim dos tempos. Hoje, pensar é um ato revolucionário. Pensemos”, refere o encenador José Maria Dias.

«Caim ou a Divina Cegueira» tem texto inspirado na obra «Caim» de José Saramago, com dramaturgia de Armando Nascimento Rosa e José Maria Dias e encenação de José Maria Dias. Tem cocriação e interpretação de Clara Passarinho, Fábio Vaz, Graziela Dias, João Mota, Patrícia Paixão, Sara Túbio Costa, Tiago Bôto e Wagner Borges.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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