O Município de Monchique organizou, nos dias 27 e 28 de maio, a segunda edição do «Vamos à Vila», um momento de celebração das tradições locais e de homenagem ao que se foi e ao que se pretende preservar para as gerações vindouras. Um evento com veracidade e essência que lançou o convite à participação de todos na partilha dos saberes e sabores de Monchique e que gerou um enorme frenesim na vila, com diversas artérias cortadas ao trânsito para permitir a circulação das pessoas, muitos espaços de gastronomia e street food, assim como pontos de animação, para além dos grupos ambulantes que espalhavam a sua música por todos os recantos do recinto.


A voz e as tradições da comunidade de Monchique foram o fio criativo para este projeto, com a autarquia local a inspirar-se no passado e a mostrar-se bastante empenhada na salvaguarda da memória coletiva e individual. Uma intenção que foi elogiada, inclusive, por José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. “Este é o Algarve do barrocal interior e da serra, um Algarve muito importante para a região, é o nosso pulmão e o nosso corredor verde. É certo que o Algarve cresceu em população, mas nas zonas de baixa densidade, no barrocal, na serra, perdemos cerca de 5 por cento de população entre 2011 e 2021, portanto, é necessário olhar para as especificidades destes territórios, nomeadamente em termos dos Planos Diretores Municipais e do uso do solo”, declarou, no início da cerimónia de abertura do «Vamos à Vila».

José Apolinário agradeceu, entretanto, a colaboração do executivo municipal liderado por Paulo Alves no sentido de se aproveitarem bem as oportunidades de financiamento com fundos europeus. “Há aqui a ambição de se avançar o quanto antes com a requalificação da escola, em duas fases, estamos a aguardar o visto do Tribunal de Contas. Temos em curso o Centro de Meios Aéreos com verbas da cooperação transfronteiriça, à semelhança do que sucede em Loulé em Cachopo. Estão em curso também investimentos em parceria com as juntas de freguesia, ou seja, há aqui uma governança multinível e de grande proximidade com o território”, destacou o presidente da CCDR Algarve. “Esta é uma terra de gente resiliente, muito trabalhadora”, concluiu.

No uso da palavra, Paulo Alves, presidente da Câmara Municipal de Monchique, lembrou estarmos num território vasto, com 400 quilómetros quadrados, duro, de montanha, com montes íngremes e vales rasgados, com encostas e estradas sinuosas, possuidor de uma natureza e valores – a água, a pedra, a floresta, o ar puro, a aguardente de medronho, os enchidos tradicionais, o presunto, a doçaria, o artesanato – que o tornam único na região e no sul do país. “Todos eles estão presentes neste certame, afirmando a autenticidade singular, a marca Monchique. Uma marca que é reforçada pela nossa genuinidade e tradições, pela nossa cultura e forma de receber, pelo orgulho que temos na nossa serra. Monchique é terra de gente rija, resiliente, que não baixa os braços face às adversidades, que se reergueu após as intempéries de 1997 e os grandes incêndios de 2003 e 2018”, salientou o edil.

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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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