A Galeria Aderita Artistic Space, em Vale do Lobo, vai acolher, de 1 a 24 de setembro, a exposição «Frottage», do escocês Steven Cox (1986, Aberdeen). O artista, reconhecido pela originalidade das técnicas mistas aplicadas ao abstrato, apresenta dez obras que exploram a materialidade a partir de técnicas únicas de marcação.


«Frottage» (do francês, fricção) encapsula a natureza táctil de Steven Cox, com superfícies plenas de textura onde se destaca a exploração do conceito de camadas ocultas. Esta característica evoca uma sensação de profundidade que coloca o observador em contacto com uma experiência multidimensional. “Ao criar camadas intrincadas, ambiciono encorajar à exploração e ao questionamento sobre o que está para além da superfície”, explica o artista.

Numa interação cativante, surgem na tela marcas negras arrojadas. A técnica de Cox envolve a aplicação de pressão física a uma grande folha de plástico de tinta a óleo que é mantida em frente da superfície irregular da tela, resultando num efeito distintamente único e marcante. “O passo final do processo de pintura envolve a realização de uma impressão mono preta da superfície com tinta a óleo preta, o que resulta numa pintura que celebra tanto as suas texturas como os seus gestos expressivos”, descreve.

A textura é, aliás, um elemento-chave do trabalho do artista e responsável por fazer uma ponte entre as dimensões tátil e visual. “A incorporação de texturas inspiradas em ambientes urbanos e superfícies desfiguradas acrescenta profundidade e complexidade ao trabalho criativo. E contribui para a narrativa das peças, realçando a interação entre elementos brutos e grosseiros e qualidades mais etéreas”, indica Cox, cuja atração pela pintura abstrata vem dos tempos de estudante universitário de Arte. Para Cox, a liberdade de expressão que a arte abstrata proporciona – onde pode transmitir emoções e ideias sem os constrangimentos da representação realista – ressoou profundamente em si. Esta apreciação cresceu à medida que explorava as possibilidades ilimitadas da abstração e a sua capacidade de evocar interpretações individuais.

O artista trabalha maioritariamente com acrílicos, óleos, pastéis, e elementos não convencionais, como técnicas de transferência e de impressão mono, o que lhe permite criar composições em camadas que captam a essência dos ambientes urbanos. “Descobri esta abordagem através de um processo de experimentação e exploração, procurando ultrapassar os limites dos meios tradicionais e descobrir novas formas de expressar a minha visão artística”, revela. O seu trabalho inspira-se nas paisagens urbanas e nos exteriores onde se sente e se assiste à passagem do tempo. Acredita que as suas pinturas “representam uma celebração da inovação e do acaso”

Através da utilização de ferramentas não convencionais, o artista aplica técnicas distintas de criação de marcas que dão vida às superfícies. A essência do seu trabalho, refere, “reside na obtenção de um equilíbrio delicado entre texturas cruas e qualidades sublimes em cada composição”. “Exploro a interação entre elementos tangíveis e conceitos abstratos, impregnando as minhas composições de influências urbanas”, explica. É, assim, possível encontrar nas 10 obras patentes na exposição «Frottage» uma mistura entre o sombrio e o sublime, uma estética que reflete o fascínio do artista pela justaposição da degradação urbana e da expressão artística.