O Hotel Grande Real Santa Eulália & Hotel SPA recebeu, no dia 19 de setembro, quase uma centena de convidados e muitos jornalistas nacionais e estrangeiros para assistir à apresentação pública da primeira exposição artística subaquática da costa portuguesa. A «EDP Art Reef» conta com a assinatura de Alexandre Farto, mais conhecido à escala global pelo nome artístico Vhils, e parte dos materiais utilizados nas obras foram recolhidos de peças de centrais termoelétricas a carvão ou fuel da EDP. Ao todo são 13 peças (em ferro e betão), colocadas numa área da exposição de 1.250 metros quadrados situada a cerca de 12 metros de profundidade, sendo que a peça mais alta mede 5,3 metros.


As peças produzidas estão submersas a uma milha de distância da costa e o grande objetivo é gerar um recife artificial na costa de Albufeira, visitável através da prática de mergulho qualificado. “Tentei encontrar várias histórias da nossa relação enquanto humanos com o mar, uma história feita de subsistência, de confronto, de tensões, mas também tentei procurar pontos em que a nossa história se encontrou com o mar”, referiu Vhils, que admitiu que este foi o seu trabalho “mais complexo e desafiante, não só por ter envolvido uma equipa de muitas pessoas, mas também por ter sido no fundo do mar”, um lugar de movimento constante. E a sua preocupação prendeu-se com a evolução das peças ao longo do tempo. “O desafio era pegar nas peças das centrais desativadas e dar-lhes um olhar diferente, missão que foi entregue a Vhils”, disse por seu turno Catarina Barradas, diretora de marca da EDP, sublinhando ter sido feito um trabalho próximo com instituições científicas “para garantir que o que estávamos a fazer era o melhor para aquele ecossistema”. Deste modo, Catarina Barradas acredita que o projeto “vai contribuir de forma positiva para o seu desenvolvimento”. “Estamos a fazer História, na medida em que vemos peças que serviram um enorme propósito na história energética de Portugal ganharem agora uma nova vida, primeiro através da intervenção do Vhils, e agora no contacto com a vida marinha. Através desta exposição fica inscrito na pedra o nosso compromisso com a descarbonização do país”.



Recorde-se que a EDP assumiu já o compromisso em ser 100 por cento verde até 2030 e de deixar de produzir energia a partir de combustíveis fosseis. E, de acordo com aquela responsável, “nunca foi tão importante trocar os combustíveis fósseis pelas fontes renováveis, promover a transição energética e garantir que esta é feita de forma justa e inclusiva”. “Temos aqui fundamentos da área ambiental, da economia circular e da cultura”, considerou, por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, não escondendo a sua satisfação por ser Albufeira o espaço aquático escolhido para receber este projeto da EDP, empresa a quem endereçou os parabéns pelo trabalho que está a efetuar sob as metas de 2030. “Este é um bom exemplo de sustentabilidade”, comentou ainda, lembrando da urgência de pensar seriamente em todas as questões que confluem com o problema das alterações climáticas. Por outro lado, o autarca vê neste projeto “um bom produto turístico que contribuirá para a diversificação da oferta do concelho”.



No final da apresentação, o Município de Albufeira ofereceu a Catarina Barradas e a Alexandre Farto duas peças em pedra da praia esculpidas por Joaquim Pargana, artesão de Olhos de Água, que representavam motivos marinhos. Para fechar o evento, houve ainda lugar a uma visita à exposição das imagens das peças de Vhils submersas, captadas pelo fotógrafo subaquático Nuno Sá, que pode ser apreciada, até final do ano, no miradouro do Pau da Bandeira.


A exposição «Art Reef by Vhils» está assinalada por uma boia (coordenadas: N 37.06922391, W -8.20990784) e pode ser visitada por qualquer mergulhador, devendo ser acompanhados por um técnico, após um seguro e um termo de responsabilidade, a firmar com empresas associadas ao projeto, as quais podem ser consultadas através da página virtual da EDP, podendo outras informações ser encontradas em https://www.edp.com/pt-pt/edp-art-reef. Este projeto foi desenvolvido com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, do Turismo de Portugal, do CCMar da Universidade do Algarve, entre outros, e validado pela Direção Geral de Recursos Naturais e pela Agência Portuguesa do Ambiente, assim como outras entidades competentes. Por sua vez, a submersão da exposição foi licenciada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e pela Autoridade Marítima Nacional.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Nuno Sá