Foi lançado, no dia 12 de janeiro, «Corridinho de Memórias | Grupo Folclórico de Faro – Mais de 90 Anos a Dançar!», obra que pretende contar a história do mais antigo grupo de folclore do Algarve e um dos mais antigos do país, cujas origens remontam ao início dos anos 30. Nesta publicação, coordenada por Amabélio Pereira, juntaram-se à história do Grupo dezenas de testemunhos recolhidos junto de diversas personalidades e de atuais e antigos elementos, num livro que conta também com diversas fotos, ilustrações e recortes de imprensa alusivos às diferentes épocas e fases da longa vida do Grupo, assim como com uma galeria fotográfica com retratos captados por Luís Santos.
O mais ancestral dos grupos de folclore do Algarve foi formado, em Faro, por Serafim Carmona, no início dos anos 30, e teve como principal impulsionador Henrique Bernardo Ramos, grande figura do folclore algarvio que o liderou durante quase 40 anos. Começou por se chamar Rancho Regional Algarvio ou, simplesmente, Rancho do Algarve, por ser o único na região. Na época, o Corridinho era já considerado a expressão máxima das danças populares algarvias, a par dos Bailes de Roda e do característico «Baile Mandado». E, de facto, atingiu grande fama o virtuosismo dos seus tocadores e a habilidade dos bailadores nas «escovinhas» e «sapateados».
Na sua génese estiveram muitos dos grandes acordeonistas que marcaram uma época, nomes como José Ferreiro Pai, António Madeirinha, José Massena Fialho (o «Céguinho da Luz»), José Padeiro, Armindo Barbosa, José Granja, Marum, entre muitos outros. As habilidades dos bailadores nas «escovinhas» e «sapateados» fizeram escola em todo o Algarve, com «Pechalhá», «Rabinete», Miguel dos Santos, Leal, «Galinho», Carminho e os irmãos Fantasia a marcarem uma época na arte de dançar o corridinho. As «Noites Algarvias» lotaram o Coliseu dos Recreios em Lisboa nos anos 40 e 50, mas também não faltaram revezes e até paragens, devido aos anos mais duros da emigração que levaram muitos dos seus elementos para fora do país.
Nos anos 60, o Grupo voltou a brilhar ao lado da saudosa Orquestra Típica de Faro e iniciou uma ativa participação na animação turística do Algarve. Nos anos 80 e 90, sob a direção de Fernando Fantasia, pisou os palcos de muitos dos mais importantes festivais de folclore organizados um pouco por todo o mundo e desde então nunca mais parou de representar o país nos quatro cantos do planeta. Por tudo isto, o Grupo Folclórico de Faro é uma referência obrigatória no panorama do folclore algarvio, sendo membro da Federação do Folclore Português, filiado no Inatel e um dos fundadores da Associação de Folclore e Etnografia do Algarve. Enquanto organizador do FolkFaro, é também membro do CIOFF Portugal – Conselho Internacional dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais, integrando igualmente os seus órgãos sociais.
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Luís Santos/José Barros/Grupo Folclórico de Faro
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