O Algarve Trade Experience, evento promovido pela Garrafeira Soares, celebrou a sua 10.ª edição como um marco, não apenas no mundo dos vinhos e bebidas espirituosas, mas também como um encontro que transcende a mera relação comercial entre fornecedores, loja e clientes.


Nos dias 26 e 27 de fevereiro, o Estádio do Algarve – que comemora os 20 anos – abriu as suas portas para acolher produtores, marcas e aficionados, num cenário que respirava desporto e negócios sob o lema «A vida é um jogo», realçando Paulo Soares, um dos administradores da Garrafeira Soares, que o evento é mais do que um simples ponto de encontro, servindo “para juntar os clientes, produtores e marcas, gerando diálogos e pontes, e dando a conhecer as novidades do setor das bebidas”. Numa demonstração de valores que vão para além do negócio, Paulo Soares destaca a importância do fair play, um princípio que deve orientar tanto o mundo dos negócios quanto o desporto. “Uma das grandes bandeiras da Garrafeira Soares é também o Fair Play que deve existir tanto nos negócios como no futebol. Estamos no mercado não só para fazer negócio, mas para sermos de confiança e estar com os parceiros tanto nos momentos melhores, como nos piores, se necessário”.

Numa analogia inteligente entre o jogo de equipa e a dinâmica empresarial, a Garrafeira Soares organizou até um torneio de futebol entre colaboradores da empresa e os parceiros, reforçando o espírito de união e colaboração que vigora no evento. “No futebol é valorizado o jogo de equipa, tal como na Garrafeira Soares também o é”, realça Paulo Soares.

O sucesso do evento ao longo dos anos é inegável, como evidenciado por João Soares, irmão de Paulo Soares e também administrador da empresa, que descreve o balanço dos 10 anos do Trade Experience como “excelente”. Contudo, o contexto atual, marcado pela incerteza no setor do turismo, lança sombras sobre as perspectivas futuras. João Soares refere: “2024 é um ano de bastante indefinição. As perspectivas são boas, mas o contexto internacional apresenta algumas ameaças que esperemos que não se concretizem para uma região que tanto depende do Turismo”.

O evento organiza-se por dois grandes setores – os espirituosos e os vinhos – que se distribuíram pelo estádio em locais diferentes. Coube ao primeiro ocupar as zonas laterais do relvado, onde através dos stands mais coloridos e de maior dimensão e design criativo, puderam beneficiar da animação diversa disponível no relvado. As provas vínicas ficaram na estrutura interior do estádio no primeiro andar com as habituais mesas de degustação organizadas pelos diferentes produtores.


A par deste já extenso e completo setup existiam as Provas Especiais e as Masterclasses, a decorrer nos camarotes VIP e na sala de Imprensa. As Masterclasses foram sobre temáticas de atualidade no setor das bebidas não vínicas, como por exemplo a sessão «The Drop of Change» da conceituada Monin, que abordou a crescente procura de cocktails sem ou com baixo teor de álcool. As provas especiais foram dedicadas aos vinhos, podendo conhecer-se e saborear algumas raridades e vinhos únicos – porque já não são comercializados e só estão acessíveis em provas do género.

Nesta vertente foi possível, por exemplo, fazer uma pequena viagem pelos vinhos da conceituada Niepoort, pela mão de jovem Daniel Niepoort, sem dúvida um apaixonado pela viticultura e enologia, provando um singular e provocante Riesling de 2016 e um surpreendente Port Presidente que esteve em garrafa desde os anos 70 e que arrebatou o painel de prova pela personalidade e intensidade mostrada. Daniel Niepoort salientou a importância que dá ao estágio em garrafa que considera ser algo que se vai perdendo em algumas marcas ou referências devido à pressão do mercado em lançar logo os vinhos. Para ele, “a Niepoort não quer fazer somente vinhos fáceis de beber, mas que também possam ser referências daqui a muitos anos”. Daí também a sua aposta no cuidado da vinha, salientando a componente biológica na sua manutenção, como por exemplo ter oliveiras plantadas à volta, deixar as ovelhas pastar nos terrenos da vinha.

Este cuidado e preocupação, por uma agricultura mais regenerativa, foi também enaltecida pelo enólogo Luís Duarte, no painel de prova da Herdade da Malhadinha, que é propriedade da família Soares, que esteve presente na prova, dando também a conhecer o seu mais recente projeto em Portalegre – a Quinta da Teixinha – propriedade que abrange 105 hectares, dos quais 4 são de vinha, situada em plena Serra de São Mamede a 700 metros de altitude. Esta Quinta, adquirida em 2021 pela família Soares, está ainda a dar os seus primeiros passos, prevendo-se a construção de uma futura adega e possivelmente uma estrutura de enoturismo que explore o potencial da região e do vasto espaço da propriedade.

Apesar dos desafios, a Garrafeira Soares olha para o futuro com determinação e ambição. João Soares deixa no ar a promessa de que o Trade Experience 2025 será ainda mais grandioso: “Para o Trade Experience 2025 ainda não pensamos sobre isso, queremos fechar este primeiro, seguramente que a fasquia fica mais alta, mas cá estaremos para conseguir encontrar uma resposta adequada e surpreender uma vez mais”.

O Algarve Trade Experience não é apenas um evento onde se bebem uns copos e se fala de negócios, mas sim um palco onde se celebram valores como o fair play, a camaradagem e a inovação, refletindo a essência de uma empresa que não se limita a vender produtos, mas sim a construir relações de confiança e respeito mútuo.

Reportagem, fotografias e layout: Vico Ughetto