Está patente, no Museu de Portimão, a exposição «Histórias que o rio nos traz», que pretende mostrar ao grande público o resultado da investigação científica efetuada nas últimas décadas e que reuniu vários fragmentos do passado da cidade, revelando muitas histórias sobre o Arade, que desde a Antiguidade foi um ponto de acesso ao interior algarvio, devido às excelentes condições de porto de abrigo natural do seu estuário. Este facto levou Portimão, provável «Portus Hanibalis», «Portus Magnus» ou «Cilpis», a crescer em estreita ligação com o rio, inserindo-se numa extensa rede de intercâmbios comerciais e culturais.

O assoreamento progressivo do Arade condicionou a sua navegação, tendo sido necessário efetuar extensas dragagens que retiraram do leito do rio enormes quantidades de sedimentos, posteriormente depositados nas praias, nos quais foram descobertos inúmeros vestígios do passado, testemunhos da ocupação desta região desde a pré-história até a atualidade. Esses testemunhos de outras eras foram recolhidos pelos membros da Associação Projecto Ipsiis, com quem o Museu de Portimão desenvolve, desde 2014 um inovador projeto de investigação, intitulado DETDA – Prospeção com detetores de metais nos depósitos de dragados do rio Arade e da ria de Alvor, merecendo destaque o relevante envolvimento e participação da sociedade civil neste processo.

Os trabalhos de investigação e salvaguarda do património efetuados nos últimos anos pelo Município de Portimão, através da Divisão de Museus e Património, resultaram nesta exposição que poderá ser vista na sala situada no piso 0 do Museu até 3 de novembro e que permite a perceção do rio Arade como um repositório de património e a valorização dos vestígios dai provenientes enquanto reflexos materiais das vivências das populações que habitaram a região. A diversidade de relações interculturais e territoriais estabelecidas ao longo do tempo, suas dinâmicas e impacto no desenvolvimento da sociedade, serão as temáticas desenvolvidas no âmbito desta mostra.

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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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