Nos dias 11 e 12 de abril, o Cineteatro Louletano acolheu «Em Silêncio», espetáculo multidisciplinar concebido e encenado por Teresa Sobral, que colocou em palco os atores Ana Valentim, Beatriz Maia, Hugo Narciso, Mário Coelho, Patrícia Fonseca e Tomás Barroso e os músicos Leonor Cabrita, Hernâni Faustino e Miguel Sobral Curado.
“Em silêncio porque era uma ditadura, porque não se podia falar alto, porque o nosso vizinho nos podia denunciar, porque era perigoso dizer o que se pensava”, descreve a criadora este espetáculo documental e imersivo em que o público está sentado no palco, no cenário, junto dos intérpretes, sendo transportado numa viagem aos 48 anos de ditadura em Portugal, com uma dinâmica auditiva e visual, vertiginosa e apaixonante. “O texto foi construído a partir de vozes de pessoas que viveram essa época, pessoas que estiveram presas por questões políticas, pessoas que se refugiaram em França, pessoas que viveram mais de 40 anos na clandestinidade, pessoas que lutaram pela independência dos seus países em África, pessoas que viveram em silêncio e com medo, pessoas que se tornaram informadoras do sistema, pessoas que não quiseram saber o que se passava”, acrescenta Teresa Sobral.

«Em Silêncio» conta com música ao vivo e uma projeção de grande dimensão que quebra as fronteiras entre realidade e criação e que explora as linhas de tensão entre as duas formas de arte, o cinema e o teatro, e entre ficção e realidade, entre os atores, o público e as pessoas que viveram esse período da nossa história. “Todos juntos num palco de teatro, o espaço da liberdade de pensamento e da criação, juntos, porque há uma intimidade que queremos preservar quando se fala de tortura, de medo, das lutas estudantis, das desigualdades, do racismo, do colonialismo, de analfabetismo, do poder político do patriarcado e a sua agressão inerente contra o feminino. Porque, quando falamos de direitos humanos, temos de estar próximos uns dos outros para que o pensamento possa ecoar”, justifica Teresa Sobral.

«Em Silêncio» é uma coprodução do Cineteatro Louletano, Teatro José Lúcio da Silva, Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha e São Luiz Teatro Municipal e é apoiado pela DGARTES, Arte Pela Democracia, Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril. Tem os apoios/parcerias do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Fundação Mário Soares e Maria Barroso, Jornal O Público, A Bela e o Monstro Editores, Ephemera, URAP, Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos, Associação Não Apaguem a Memória, MP-Cópia, Fábrica do Braço de Prata, Produções Real Pelágio, Hemeroteca Municipal, Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais – Divisão de Documentação e Arquivo, Pão a Pão, Mezze, Arquivos PCP, Museu do Aljube, Museu de Peniche e Emaús.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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