Dulce Maria Cardoso recebeu, no dia 9 de maio, o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e Câmara Municipal de Loulé, que distinguiu a sua obra «Autobiografia não autorizada 2». Publicado em 2023, este segundo volume reúne relatos pessoais e memorialísticos que Dulce Maria Cardoso escreveu para a revista Visão.


Com um “título provocativo”, a obra é composta por um conjunto de crónicas em que a autora se torna personagem e arrasta todo o seu universo – a família, os amores, os amigos, as pessoas com quem se cruza, tornando-as também personagens. “É uma forma de partir do particular para o universal, do muito localizado no tempo para o intemporal, e é também uma forma de me divertir com os leitores”, disse.

A obra surge na continuidade do volume 1, lançado em 2021, quatro anos que apanharam muitas fases da vida da escritora, “a pandemia, momentos mais felizes, menos felizes, amores, desamores, viagens, apanharam passado e grande parte do que me fez chegar até aqui como pessoa”, explicou a premiada, que, feliz com este reconhecimento dos seus pares, acredita que o prémio lhe permitirá “comprar tempo” para se dedicar “inteiramente” à sua arte.

A transmontana “em todos os genes”, que veio ao Sul receber este galardão, reafirmou: “Sei bem o que é estar longe do centro. É por isso também que quis que estas crónicas fossem o registo desta gente que nasceu para não ter voz, afastada dos centros do poder”. Apesar da sua vasta obra que circula entre outros géneros, declara sentir-se bem ao escrever crónicas, um género “muito exigente que encerra contradições insanáveis”. “Estamos a falar do particular, mas a crónica tem que ser universal, estamos a falar do presente, mas tem que ser intemporal, estamos a tornarmo-nos uma personagem, mas o cronista tem que ser, acima de tudo, um cidadão”, notou Dulce Maria Cardoso. O prémio traz-lhe, no entanto, “um amargo de boca”, pois receia que um possível terceiro volume desta «Autobiografia não autorizada» não seja editado em virtude da crise que está a afetar imprensa escrita, na qual se inclui a revista Visão.

(...)

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Leia a reportagem completa em: