A Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines assistiu, no dia 9 de novembro, à segunda edição do Festival de Artes Inclusivas, evento regional organizado pela Teia D’Impulsos que pretende dar palco ao trabalho extraordinário que diversas entidades e instituições têm vindo a desenvolver ao nível das artes junto de populações mais vulneráveis e em prol da inclusão. “Esta aventura começou o ano passado, sobretudo pelas mãos da Inês Reis e da Ana Brito, através do projeto ECOS, e que depois deu lugar à partilha, não só daquilo que fazemos internamente, mas também pelo que é realizado por outras organizações”, referiu Luís Brito, presidente da direção da Teia D’Impulsos, antes de passar a palavra a José Carlos Araújo, da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines. “Este evento faz parte da nossa génese, é para estas pessoas, e para outras, que trabalhamos diariamente. São mais de 5 mil utentes, a maior percentagem jovens, mas também adultos, nomeadamente por via da nossa Unidade Sócio Ocupacional no âmbito do Projeto Nacional dos Cuidados de Saúde Mental. Obviamente que não fazemos nada sozinhos e esta parceria com a Teia D’Impulsos permite-nos fazer coisas junto de quem mais precisa, assim como a parceria com a Junta de Freguesia”, apontou José Piasca.

Um evento concretizado “por um grupo amigos que está aqui para comemorar a cultura, as artes”, descreveu, emocionado, Miguel Veiga, do Instituto Português do Desporto e Juventude. “Arte é exprimir sentimentos e emoções e temos aqui muitas pessoas a fazê-lo de forma bonita e desinteressada”, declarou, com Carla Benedito, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, a agradecer depois à organização por trazer este excelente acontecimento para esta freguesia do interior do concelho de Silves.

A gala começou com a atuação da Orquestra do Clube da Batucada, projeto social e comunitário que utiliza tambores tradicionais portugueses como forma de integração social e desenvolvimento humano. Seguiu-se a ECOS – Oficina de Dança Inclusiva da Teia D’Impulsos, criada em 2019 e que proporciona a prática semanal de dança a pessoas de todas as idades, com e sem deficiência. Nuno Miguel Neto apresentou depois «Magia com Impacto», um projeto que leva a magia e ilusionismo a comunidades em situação de risco e exclusão social, desde bairros problemáticos a estabelecimentos prisionais, hospitais e lares.

A dança regressou com a performance da CAPELA – Centro de Apoio à População de Leste e Amigos, que dinamiza, desde 2006, em Portimão, o Estúdio Mix Dance, uma presença constante na vida sociocultural da região e que conta atualmente com cerca de 45 crianças e jovens dos 3 aos 18 anos de idade e de diferentes nacionalidades. Logo depois as atenções concentraram-se no grupo de utentes e colaboradores do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão do NECI – Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso, uma IPSS de Lagos cuja missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida e inclusão de pessoas com deficiência e de famílias em situação de carência social e económica.

Outra IPSS presente no 2.º Festival de Artes Inclusivas foi a ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão, que trouxe uma peça resgatada dos trabalhos no antigo CAO com o objetivo de fazer o público refletir sobre a importância do amor, ao mesmo tempo que caracteriza outras emoções. Uma peça que tem sido desenvolvida pelo atelier de artes performativas do CACI da ACASO e que muito emocionou a plateia. E o mesmo aconteceu com a apresentação da W Dance Crew, grupo que dança junto há cinco anos e que conta com a participação de um bailarino muito especial, Carlos Silva.

A derradeira convidada no evento, que foi apresentado por Júlio Ferreira, foi a APPACDM – Associação de Pais e Amigos das Crianças Diminuídas Mentais, IPSS de Faro que se dedica à reabilitação de jovens com deficiência intelectual para a sua reintegração na sociedade e participação ativa. A dança é uma das suas atividades lúdico-terapêuticas e uma forte aliada na inclusão social, especialmente quando vivenciada em espaços onde a diversidade humana é a principal característica.

Foi, sem dúvida alguma, uma tarde de emoções à flor da pele, com a assistência rendida à felicidade com que todos estes artistas pisaram o palco da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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