De 7 a 16 de novembro, o Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve regressou a Lagos para desafiar “um corpo erradamente fixo” e, na sua terceira edição, voltou a crescer, com 37 propostas entre espetáculos, concertos, exposições, masterclasses e muito mais. O evento tem direção artística de Daniel Matos e Joana Flor Duarte e é uma coprodução da Cama – Associação Cultural e do Município de Lagos, com o apoio da República Portuguesa / Direção Geral das Artes.

O dia 7 começou com «Coreografia em Sala de Aula», espetáculo de João dos Santos Martins que percorreu, durante o festival, algumas escolas do 1.º Ciclo de Lagos. “Há uns séculos, alguém decidiu inventar uma maneira de escrever danças em papel para depois passar a outras pessoas para aprenderem essas danças de cor. A dança transformava-se num desenho e numa língua que era possível ler e passar novamente para o corpo de outra pessoa. Do corpo para o papel, do papel para o corpo. Era como «dançar» uma língua e «falar» uma dança, sem se perceber muito onde começa uma e onde acaba a outra”, comenta o autor sobre esta versão da peça «Coreografia» especialmente preparada para uma sala de aula.

A peça constrói-se estabelecendo relações entre as línguas oral, gestual e escrita, criando estratégias de reconhecimento de gestos através da intuição e de uma relação viva entre regimes de conhecimento e sensoriais. A interpretação está a cargo de Adriano Vicente, numa produção da Associação Parasita e Association Mi- Maï com coprodução de Alkantara, Associação Parasita, Centro Cultural Vila Flor e Materiais Diversos.

No mesmo dia foi inaugurada a Exposição CenDDA – Centro de Documentação de Dança do Algarve, no Centro Cultural de Lagos. Trata-se de um projeto que procura recolher, adquirir e arquivar materiais que traduzem uma dança em mutação, construindo-se como um arquivo vivo de documentação escrita, visual e sonora na área das artes performativas, através da criação de uma Biblioteca e de um Arquivo / Mediateca. Nesta edição do Pedra Dura foram exibidos documentos únicos da história da dança. A mostra foi uma parceria da Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas, Câmara Municipal de Lagos e CAMA ac.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Garlics.pt

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