A produção de dança contemporânea «Ser Animal Humano», concebida por Sofia Brito, foi a cena, no dia 23 de outubro, no Centro Cultural de Lagos, convidando os espectadores a mergulhar numa reflexão sobre a essência e o propósito da humanidade. Com interpretações de Susana Vilar e Marco Olival, esta obra é uma proposta para repensar o mito do excepcionalismo humano e a narrativa do progresso infinito da espécie humana. “É verdade que o ser humano é um animal excecional, mas excecional não é necessariamente melhor. Estes mitos são crenças que dominam o pensamento e as escolhas que nos extingue mais, a cada dia, da nossa ligação com a vida, e o que mais dá gosto aos nossos dias”, indica Sofia Brito.

Num mundo cheio de incoerências, complexo e cada vez mais dominado pela sofisticação e pela agitação, «Ser Animal Humano» convida-nos a repensar quem somos e qual é o nosso papel na Terra, onde pertencemos e que pouco valorizamos. Pela arte da dança, a artista e bailarinos exploram os enigmas e as qualidades de ser animal e alguns dos medos que sustentam a dualidade, de não o querer ser. A autora diz que “gostava de despertar nos adolescentes a capacidade de ouvir o seu GPS interno, nossa intuição mais primordial, e o reconhecimento que nós também somos natureza”.

O espetáculo aborda a crescente alienação do ser humano em relação à sua própria origem natural, questiona a nossa desconexão da natureza e se esta está a levar-nos para um caminho de autoextinção. Através das performances brilhantes de Vilar e Olival, somos levados a uma jornada de descoberta, enfrentando os medos e as forças que nos definem como seres humanos. Sofia Brito, a visionária por trás desta produção, desafia assim os espectadores a contemplar a nossa origem comum e a aceitar a interligação intrínseca entre a natureza e o ser humano.

«Ser Animal Humano» é, em suma, uma chamada à reflexão profunda, uma experiência teatral e de dança que transcende o palco para tocar nas fibras mais profundas da nossa existência.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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