Inserido no Ciclo d’outra maneira dos encontros do DeVIR, o Cineteatro Louletano recebeu, no dia 6 de dezembro, «Unter the Flesh» de Bassam Abou Diab, a história pessoal de um corpo que sobreviveu a quatro guerras consecutivas. O espetáculo de dança contemporânea questiona o papel do corpo em situações de guerra, nomeadamente, como é que a reação do corpo a uma ameaça de morte, proveniente do nosso instinto de sobrevivência, se pode transformar numa dança? “Uma dança baseada em regras e técnicas imaginárias que foram meticulosamente concebidas como um conto de fadas que ajuda a ultrapassar a máquina de guerra”, explica o coreógrafo libanês.
Bassam Abou Diab iniciou o seu percurso profissional como ator e bailarino de dabke. Obteve a licenciatura em representação e teatro e trabalhou como ator com vários encenadores, e em paralelo aproxima-se e mergulha no mundo da dança contemporânea, tendo feito parte da Maqamat Dance Company durante vários anos.
Criou «Alterations», «Palestinian karma» e cocriou «Imprints», «meeting point», «Who Cares» e «Incontro». Após uma longa pesquisa experimental sobre «Rituais religiosos árabes e a sua presença no teatro físico», concluiu o mestrado de formação de atores. Com base nesta pesquisa, coreografou duas peças diferentes, em Itália, «The Siege/L'Assedio» e, em Nova Iorque, «Home».
Bassam criou, coreografou e dançou em «not connected» e fez digressão internacional com as suas criações «Under the Flesh», «Of What I Remember», «Eternal» e «Pina my Love», ainda atualmente em circulação nacional e internacional. Em 2021 fundou o Beirut Physical Lab, uma organização que tem como objetivo apoiar artistas emergentes em dança contemporânea e teatro físico, centrando-se na formação, criação de espetáculos, pesquisa de dança local e colaborações artísticas locais e internacionais.
«Under the Flesh» tem coreografia e texto de Bassam Abou Diab, música de Samah Tarabay e Ayman Sharaf El Dine e é interpretado por Bassam Abou Diab (bailarino) e Ali El Hout (músico). O espetáculo é uma produção da Beirut Physical Lab com coprodução de Maqamat Beit el Raqs. Quanto à DeVIR, é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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