No dia 7 de dezembro, o Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, recebeu a peça de teatro «O 25 de Abril Nunca Aconteceu». No ano em que se comemoram 50 anos da Revolução dos Cravos, a Palmilha Dentada estreia-se no teatro distópico e apresenta uma ficção histórica: como seria Portugal se Salgueiro Maia não tivesse parado no semáforo vermelho, tivesse chocado com um camião do lixo e a revolução não tivesse acontecido.
O mundo não parou, mas Portugal sim. Continua a guerra colonial, mas apenas em Angola, as outras colônias não valiam a pena. O Cristiano Ronaldo joga no Benfica. A internet e telemóveis são um privilégio das corporações e do governo. Há uma empresa de extorsão de dinheiro via net às mulheres falantes de português espalhadas pelo mundo. A empresa é altamente protegida pelo governo de Portugal, é uma das maiores fontes de divisas nacionais. Tal como as tipografias dos tempos anteriores a 1974, é também local de funcionamento de uma célula clandestina que visa fazer circular a informação sobre a ditadura portuguesa. A PIDE continua ativa e cada vez mais ridícula. As crocs estão proibidas e o seu uso perseguido. Tudo isto num espetáculo que é uma homenagem às menores e menos evidentes conquistas de Abril.
Com texto e encenação de Ricardo Alves, a interpretação esteve a cargo de Beatriz Baptista, Eloi Monteiro, Ivo Bastos, Filomena Gigante, Mário Moutinho, Rodrigo Santos e Valdemar Santos. A peça é uma coprodução do Teatro da Palmilha Dentada, Teatro Nacional São João, Centro Cultural de Carregal do Sal e do Auditório Carlos do Carmo – Município de Lagoa. O Teatro da Palmilha Dentada é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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