A primeira edição do Teia D’Ideias de 2025 realizou-se, no dia 30 de janeiro, na Casa Manuel Teixeira Gomes, sob o tema «Turismo sustentável no Algarve, realidade ou utopia?», que foi amplamente debatido na pessoa de três empreendedores da região, Joaquim Lourenço do Salema Eco Camp, Pedro Mestre da Algarve Sunboat e João Ministro da Proactivetur.

O mote da sessão retrata um Algarve que em 2024 mantém a atividade turística com um desempenho positivo e uma reeleição, pela terceira vez, como o melhor destino de praia do Mundo – World Travel Awards 2024, os chamados óscares do turismo. Por outro lado, o estudo «As implicações da atividade turística na região do Algarve para a gestão de resíduos urbanos», que reuniu investigadores de cinco universidades de Portugal e dos Estados Unidos, revela a “necessidade urgente de definir soluções sustentáveis para enfrentar o impacto ambiental e económico causado pela elevada sazonalidade turística” na região. Refere que “o turismo é fundamental para a economia do Algarve, mas é necessário assegurar que o seu crescimento não comprometa o desenvolvimento sustentável da região”.

Em setembro de 2024, a plataforma nacional ODS Local indica o Algarve como uma das regiões com um desempenho médio global menos positivo, relativamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Para os empresários convidados, há um «preço» a pagar por serem pioneiros no propósito da sustentabilidade, e ao estarem sensibilizados para reduzir, ou até mesmo eliminar, os diferentes impactos negativos no ambiente, na natureza e na comunidade. Este pensamento e forma de estar, nas suas atividades e perante o turista, tem sido bastante desafiador, e acreditam que é positiva para todos.

Os intervenientes lembram que, no início, eram poucos ou inexistentes os apoios, e continuam a ser poucos os incentivos ao seu acesso, não existindo ainda uma discriminação positiva ou reconhecimento por introduzirem nos seus modelos de negócio as dimensões que lhes fazem cuidar e preservar o Planeta. Esta responsabilidade não é, nem pode ser, apenas dos privados, considerando que a mesma deveria ser partilhada, e até mais impulsionada, pelas entidades públicas. Embora, nos últimos 10 anos, os governos e as entidades regionais tenham demonstrado outra disponibilidade e interesse para os temas da sustentabilidade, através de planos e programas de apoio, é urgente que haja a capacidade de operacionalizar no terreno essas boas intenções, assim como promover um compromisso de proximidade. Olham para as autarquias como agentes catalisadores para desenvolverem mecanismos que façam a ponte entre os empresários e os diferentes setores de atividade, para que de forma integrada se alcance um desenvolvimento sustentável dos negócios e consequentemente dos territórios.

Um sentimento transversal aos três empresários é que a região não pode perder o comboio da sustentabilidade, correndo o risco de outros destinos turísticos se diferenciarem e posicionarem junto de um segmento de turistas, que representa cada vez mais pessoas. Estudos revelam que este perfil de turistas procura destinos com ofertas e serviços sustentáveis, experiências únicas e uma alternativa aos destinos de massas. Consideram ainda que as assimetrias geográficas e culturais são um enorme desafio para promover uma região e um destino sustentável, mas revelam em simultâneo um potencial único e diferenciador. Acreditam que a seu tempo há um Algarve sustentável, que não será apenas utopia, e que esta é uma fase de transição, para um verdadeiro Algarve sustentável.

As duas próximas edições da Teia D’Ideias são «Inteligência Artificial, uma ferramenta para a melhoria da qualidade de vida», no dia 20 de fevereiro, e «A Economia Azul, que posicionamento para o Algarve?», no dia 3 de abril, ambas na Casa Manuel Teixeira Gomes, às 18h30. O Teia D’Ideias é um projeto da Teia D’Impulsos com o apoio da Câmara Municipal de Portimão.