Os dados do Serviço de Limpeza Urbana da Câmara Municipal de Lagoa confirmam uma ligeira redução da quantidade de resíduos urbanos indiferenciados recolhidos (17 mil e 634 toneladas) e um aumento da recolha seletiva no concelho de Lagoa em 2024, registando um crescimento de 5 por cento face a 2023. O Município reconhece o esforço crescente de separação dos resíduos pela população, mas o aumento dos custos de deposição em aterro indica que continua a ser necessário melhorar a forma como se separam os resíduos, de forma conseguir reduzir-se a quantidade de resíduos encaminhados para destino final.
A quantidade de Resíduos Urbanos depositada em aterro em 2024, foi de 21 mil e 853,30 toneladas, confirmando-se um aumento de 1,9 por cento. Os Resíduos Urbanos considerados para a Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) chegaram às 18 mil e 907 toneladas, +4 por cento do que em 2023. Ao nível dos Biorresíduos, a recolha de restos alimentares continua a subir (334 toneladas em 2024) mas os verdes para compostagem (2 mil e 118 toneladas) registaram uma diminuição de 2,5 por cento face a 2023. A recolha de monstros (resíduos de grande volume) somou 997 toneladas, um aumento de 13,5 por cento, e a maior subida (+31,3 por cento do que em 2023) registou-se na categoria «Outros resíduos».
É importante destacar, também, que os custos de deposição dos resíduos subiram em todas as tipologias. Na deposição de resíduos indiferenciados em aterro foram gastos 1 milhão, 403 mil e 174,78 euros, mais 5,5 por cento face a 2023; nos verdes para compostagem, 151 mil e 715,09 euros, mais 3,7 por cento. Nos biorresíduos alimentares, os custos foram de 23 mil e 949,26 euros, o que representa uma poupança de 2 mil e 836,87 euros relativamente ao custo a suportar se estes resíduos tivessem sido depositados nos contentores para indiferenciados. A recolha de monstros gerou uma despesa de 79 mil e 249,69 euros (+20,7 por cento do que em 2023) e os outros resíduos de 61 mil e 206,84 euros (+39,6 por cento). A despesa total dos resíduos depositados em aterro foi de 2 milhões, 286 mil e 554,55 euros (+12 por cento do que em 2023) e o valor correspondente à Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) foi de 567 mil e 213,90 euros, um aumento de 25 por cento em relação ao ano anterior.
Estes dados permitem concluir que, mesmo com um crescimento pouco significativo nas quantidades depositadas em aterro (+1,9 por cento), o custo total de deposição em aterro teve um aumento significativo (+12 por cento), mostrando como o encargo financeiro está a subir de forma muito mais rápida do que os volumes de resíduos produzidos, situação decorrente do aumento significativo da tarifa de deposição de resíduos em aterro, praticada pela ALGAR desde 2021.
Atendendo a que os Biorresíduos representam cerca de 60 a 70 por cento do total de resíduos produzidos nas nossas habitações, restaurantes, escolas e IPSS’s, só com uma maior adesão à separação destes resíduos e ao aumento significativo das quantidades recolhidas, bem como ao aumento da separação dos resíduos recicláveis, se conseguirá reduzir as quantidades de Resíduos Urbanos Indiferenciados depositados em aterro e, consequentemente, dos respetivos custos com essa deposição e, em última instância, do valor da Tarifa de Resíduos cobrada na fatura de água aos Munícipes. “É também importante que todos participem e se envolvam na redução e correta separação de resíduos, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais e europeias”, indicam os responsáveis autárquicos.
As metas e desafios (PERSU2030) impõem que, até 2035, apenas possam ser depositados em aterro, um máximo de 10 por cento dos resíduos urbanos produzidos (ao contrário dos atuais 70 por cento); que, até 2030, os resíduos encaminhados para reutilização e reciclagem devem aumentar para um mínimo de 60 por cento (ao contrário dos atuais 17 por cento); e atingir os 70 por cento ou mais na taxa de captura de biorresíduos até 2030. “Para alcançar essas metas, o Município terá de continuar a investir na aquisição de mais ecopontos e no reforço das equipas de recolha seletiva, na realização de campanhas de sensibilização para a separação de resíduos, sobretudo biorresíduos, na sensibilização do setor Horeca (hotéis, restaurantes e cafés) para aderir à recolha seletiva de biorresíduos, e na revisão das tarifas, de forma a torná-las mais atrativas para incentivar a separação”, conclui a edilidade.