A nova exposição de fotografia «Brumas e Brisas: Entre o Belo e o Sublime», de Pedro Poucochinho, é inaugurada no dia 12 de abril, às 16h, na Casa Manuel Teixeira Gomes. A escolha do local não é um acaso, porque a mostra surge também como uma homenagem ao patrono da Casa, o ilustre portimonense Manuel Teixeira Gomes, ex-Presidente da República, conhecido escritor e apreciador das paisagens.

Não se esgota, porém, nessa circunstância, pois, ao mesmo tempo, desafia o visitante a refletir sobre a estética, através da perspetiva kantiana, num jogo de perceção onde a bruma e a brisa filtram a luz, esbatem formas e evocam a tensão entre o Belo e o Sublime. “Há imagens que nos chamam pelo que revelam. Outras, pelo que escondem. Nesta exposição, a luz não se impõe. Esbate-se, dissolve-se, torna-se difusa. As primeiras fotografias apresentam-nos um instante de equilíbrio: cor e ausência dela, o visível e esquecido”, descreve Pedro Poucochinho. “À medida que avançamos, a nitidez dá lugar ao mistério, e o olhar é convidado a atravessar camadas de bruma e nevoeiro, onde a forma se dilui e a realidade se torna quase tátil na sua ausência”, acrescenta, quase como se estivesse a «guiar» o visitante por este conjunto de fotografias que estarão expostas até 31 de maio.

Citando Kant, que afirmava ‘que o Belo nos conforta, enquanto o Sublime nos desafia’, o autor aponta para a frágil fronteira existente entre as brisas que se insinuam e as sombras que hesitam. Mas, afinal o que será belo quando a luz se dispersa ou o que é que é sublime quando o horizonte se dissolve? “O nevoeiro não apaga, sugere. A brisa não esconde, transporta. E talvez, no espaço entre o que vemos e o que imaginamos, resida a verdadeira imagem”, afirma.


O portimonense Pedro Poucochinho não é fotógrafo, é um contador de histórias visuais, um viajante dos sentidos e um observador atento das paisagens que o rodeiam. Formou-se em Gestão e Marketing, construiu a sua carreira profissional na área da comunicação política e autárquica, desempenhando atualmente funções na Câmara Municipal de Portimão. Em setembro de 2020, num momento de transformação pessoal e inspirado pelo encontro com o artista Ji Lee, deu início a uma nova fase da sua vida criativa. Foi desafiado a explorar as suas paixões e a concretizar um projeto pessoal… e assim o fez.

Criou os «Cadernos de Andarilho», um projeto diferente que é uma fusão de três dos seus gostos pessoais: a caminhada, a escrita e a fotografia mobile. Desde então, ao amanhecer de cada domingo, percorre os trilhos do Algarve com o seu fiel iPhone, capturando e editando imagens que são tanto registos visuais quanto reflexões sobre o efémero. Em agosto de 2023 apresentou «Despertares de Andarilho», a sua primeira exposição, no edifício da Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão (EMARP). No ano seguinte, em dezembro de 2024, realizou na Galeria C&S – Armazém das Artes a sua segunda exposição, a que chamou «Elogio ao Solstício de Inverno», numa celebração desta estação do ano. As suas exposições estiveram patentes apenas na sua cidade natal e, como sempre, diferenciam-se por todas as imagens terem sido captadas e editadas exclusivamente em telemóvel.

«Brumas e Brisas: Entre o Belo e o Sublime» poderá ser visitada até 31 de maio, de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h, e ao sábado, das 14h às 17h.