O Festival Verão Azul, um dos principais projectos de programação da casaBranca, dedica-se à promoção da criação transdisciplinar contemporânea e das artes performativas no território algarvio. A 12.ª edição acontece de 10 a 19 de abril, em Loulé, Faro e Lagos, e apresenta-se como um laboratório multifacetado onde as artes performativas, sonoras e plásticas convergem para desafiar fronteiras estéticas e conceptuais.

A programação propõe reflexões sobre o corpo na sua dimensão política, social, urbana e pós-humana, abordando as suas hibridizações com a tecnologia e as suas implicações éticas; propõe ainda a relação entre eco-crítica e interdependência global, refletindo sobre as formas em que a arte pode criar, ou dar visibilidade, a redes que conectam indivíduos, comunidades e ecossistemas.

O universo sonoro, denso e hipnótico, que atravessa esta edição conduz-nos por territórios entre a estrutura e a improvisação. Entre performances, concertos, dj sets, exibição de filmes e atividades paralelas, a reflexão sobre o virtual expande as possibilidades de expressão humana, questiona o «real», a condição corpórea e a identidade numa era de hiperconexão e sobre-exposição tecnológica. Nesta paisagem de realidades deslizantes, evoca-se a visão singular de David Lynch (1946-2025), mestre em explorar as fissuras do quotidiano e os mistérios ocultos sob a superfície do mundo visível.

Com artistas de Portugal, Espanha, Grécia, Polónia, Roménia, Escócia, Brasil, Uruguai, o festival mantém a intenção de trazer projectos inovadores e experimentais ao público do Algarve, visando consolidar a sua missão fundadora de fomentar o diálogo e enraizar novas dinâmicas culturais na região. O festival aposta na sensibilização e formação de públicos com diversas estratégias: para além dos diversos espetáculos inclui ainda uma sessão de cinema, que inaugura o Festival em parceria com o Cineteatro Louletano (Loulé), com o documentário «Queendom» de Agniia Galdanova. O espetáculo «SOLAS» de Candela Capitán, pela primeira vez em Portugal, acontece numa parceria com o Teatro das Figuras (Faro) e inclui o transporte de autocarro a partir de Lagos, onde o público é convidado à escuta e à experiência de uma instalação sonora de Guilherme Curado; além disso, mantém-se, à semelhança de outros anos, a organização de conversas pós-espetáculos.

A programação acontece também para além dos espaços normalmente destinados a manifestações culturais, como a Exposição Salaris – Ficções a partir do Sal (Minas de Sal-Gema em Loulé, em parceria com os artistas Victor Gonçalves, Maura Grimaldi e Natália Loyola, e a Galeria Alfaia), o concerto de autoria de David Leitão e Inês Defalc, nas Piscinas Municipais (Loulé) e nas atividades no Antigo Armazém do Carnaval em Loulé (Gustavo Sumpta, Despina Sanida Krezia, e Not Binary Code).

É neste cruzamento entre reflexão e ação, e na afirmação da força do indivíduo, do coletivo e da cidade, que o Festival Verão Azul se apresenta: uma plataforma viva onde a arte desafia, desacomoda e ressignifica. A programação está disponível em https://www.festivalveraoazul.com/.