A internet está entrando numa nova era, e os satélites fazem parte dessa transformação. Com o avanço rápido da tecnologia e uma crescente procura por uma conectividade global, soluções baseadas em satélites prometem revolucionar a forma como nos ligamos online.

Desde as áreas remotas aos grandes centros urbanos, a internet via satélite tem potencial de superar barreiras geográficas, oferecendo acesso rápido e confiável onde as infraestruturas tradicionais falham.

É um mercado em grande evolução e transformação nos próximos anos, empresas como Starlink, Amazon Kuiper e startups inovadoras estão na linha da frente desta corrida, integrando tecnologias como inteligência artificial, 5G e constelações de satélites em órbitas baixas para garantir uma conectividade contínua e de alta qualidade.

A grande mudança tecnológica que impulsiona esta nova era da internet espacial reside na transição dos satélites geoestacionários, localizados a grandes altitudes e com latência elevada, para as constelações de satélites em Órbita Terrestre Baixa. Estas novas redes, compostas por milhares de satélites menores que orbitam muito mais perto da Terra, conseguem reduzir drasticamente o tempo de resposta (latência) para níveis comparáveis aos das ligações terrestres, como fibra ótica, tornando aplicações como videochamadas, jogos online e serviços na nuvem perfeitamente viáveis.

A possibilidade de haver também internet por satélite diretamente nos smartphones representa outro grande avanço na conectividade móvel, permitindo acesso à rede em locais remotos. Com sistemas como o «Direct to Cell» da Starlink, os satélites funcionam como torres de telecomunicações no espaço, transmitindo dados diretamente para dispositivos LTE comuns sem necessidade de hardware especial. Esta tecnologia ainda está em testes, mas já em desenvolvimento acelerado. É ideal para áreas rurais, oceanos e regiões isoladas, oferecendo serviços como mensagens de texto, chamadas e navegação na internet.

O impacto desta revolução vai muito além da simples melhoria da velocidade da internet. A capacidade de levar conectividade de banda larga a áreas rurais e remotas, onde a instalação de fibra ótica é economicamente inviável, representa um salto qualitativo para a inclusão digital. Isto abre portas para a transformação de setores como a agricultura, mineração, transporte marítimo e aviação, que operam frequentemente em locais isolados, permitindo monitorização em tempo real, integração de IoT (Internet das Coisas) e gestão remota mais eficaz.

Apesar do enorme potencial, o caminho para um futuro impulsionado pela internet via satélite enfrenta alguns desafios. Entre os principais obstáculos estão os elevados custos iniciais de instalação para os consumidores, a necessidade de equipamentos específicos, limitações tecnológicas e os impactos das condições climatéricas, que podem representar barreiras importantes.

Apesar destes desafios, o crescimento projetado do mercado, estimado em mais de 11 mil milhões de dólares até 2029, e a contínua inovação indicam que a internet via satélite está destinada a desempenhar um papel cada vez mais central no panorama global da conectividade. O futuro da internet parece estar cada vez mais próximo das estrelas.

Fábio Jesuíno é empresário

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