
É com maior regularidade que vão surgindo relatórios, notícias, estudos e opiniões especializadas sobre as consequências de um turismo desregulado sobre os destinos, as comunidades aí residentes e os valores territoriais. Nas últimas semanas vários organismos chamaram a atenção para os efeitos perniciosos do turismo de massas e do overtourism, bem como da degradação de ambientes naturais por excessiva pressão de visitantes. A realidade hoje é tal que não há como o ignorar ou escamotear o fenómeno.
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), num novo relatório dedicado à gestão de massas em destinos turísticos, veio apelar a uma abordagem “mais equilibrada” da actividade turística, sobretudo em regiões muito populares. Sugere mesmo um conjunto de passos a tomar pelas entidades reguladoras, nomeadamente ao nível do estudo e da monitorização da visitação, da criação de grupos de trabalho, da elaboração de planos de acção ou ainda da capacitação dos residentes, como forma de lhes dar o poder da palavra nas decisões a tomar.
Na Grécia, em ilhas como Chios, Thassos, Rhodes ou Mykonos, o impacto de um turismo pouco responsável está a revelar-se dramático na perda do coberto arbóreo e na mudança da actividade económica local. A intensidade de desflorestação atingiu níveis alarmantes - em apenas 28 anos a área florestal perdeu 14 mil hectares - e a impermeabilização dos solos, devido à enorme expansão urbano-turística, está a resultar na perda de água nos solos e nos aquíferos. Por outro lado, o próprio modo de vida das comunidades está a transformar-se e o que no passado recente eram actividades populares, como a agricultura e a pesca, estão hoje em declínio. Actualmente, em várias ilhas, mais de metade dos solos agrícolas estão ao abandonado. Tudo indirectamente causado pela indústria turística que «puxou a si» o domínio da actividade económica, com as referidas consequências sociais e ambientais.
O apelo à gestão, ao regulamento ou ao equilíbrio são cada vez mais notórios. E muitas cidades europeias estão a agir. A figura (fonte: Euronews 2025) elucida quanto ao tipo de medidas em curso em várias delas. A questão, no entanto, permanece: serão suficientes? Terão os efeitos desejados? E por cá? Bastará aplicar taxas turística (actualmente apenas em vigor nalguns concelhos)? Ou coimas por comportamentos indevidos? Há um debate eminente e, sobretudo, a necessidade de planear com objectivos preventivos. Porém, para já, tudo continua como nada se passasse. Vive-se uma calmaria digna das tardes de Verão no Algarve. Mas a tempestade está no horizonte e lentamente aproxima-se. Veremos como nos afectará.
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), num novo relatório dedicado à gestão de massas em destinos turísticos, veio apelar a uma abordagem “mais equilibrada” da actividade turística, sobretudo em regiões muito populares. Sugere mesmo um conjunto de passos a tomar pelas entidades reguladoras, nomeadamente ao nível do estudo e da monitorização da visitação, da criação de grupos de trabalho, da elaboração de planos de acção ou ainda da capacitação dos residentes, como forma de lhes dar o poder da palavra nas decisões a tomar.
Na Grécia, em ilhas como Chios, Thassos, Rhodes ou Mykonos, o impacto de um turismo pouco responsável está a revelar-se dramático na perda do coberto arbóreo e na mudança da actividade económica local. A intensidade de desflorestação atingiu níveis alarmantes - em apenas 28 anos a área florestal perdeu 14 mil hectares - e a impermeabilização dos solos, devido à enorme expansão urbano-turística, está a resultar na perda de água nos solos e nos aquíferos. Por outro lado, o próprio modo de vida das comunidades está a transformar-se e o que no passado recente eram actividades populares, como a agricultura e a pesca, estão hoje em declínio. Actualmente, em várias ilhas, mais de metade dos solos agrícolas estão ao abandonado. Tudo indirectamente causado pela indústria turística que «puxou a si» o domínio da actividade económica, com as referidas consequências sociais e ambientais.
O apelo à gestão, ao regulamento ou ao equilíbrio são cada vez mais notórios. E muitas cidades europeias estão a agir. A figura (fonte: Euronews 2025) elucida quanto ao tipo de medidas em curso em várias delas. A questão, no entanto, permanece: serão suficientes? Terão os efeitos desejados? E por cá? Bastará aplicar taxas turística (actualmente apenas em vigor nalguns concelhos)? Ou coimas por comportamentos indevidos? Há um debate eminente e, sobretudo, a necessidade de planear com objectivos preventivos. Porém, para já, tudo continua como nada se passasse. Vive-se uma calmaria digna das tardes de Verão no Algarve. Mas a tempestade está no horizonte e lentamente aproxima-se. Veremos como nos afectará.
João Ministro é engenheiro do ambiente e empresário
Crónica publicada em: