Setembro é mês de Festival Dance Dance Dance no Teatro das Figuras, em Faro, que arrancou, de forma magistral, no dia 13, com «O Salvado» de Olga Roriz. Doze anos depois de «A Sagração da Primavera», a conceituada coreógrafa sentiu-se novamente impelida a um confronto inevitável consigo mesma e este espetáculo nasce de uma interrogação ainda em aberto, de uma intenção por descobrir. “Não se trata de uma busca formal por novas linguagens, mas da continuidade de uma luta partilhada”, explica.
Como quem resiste a um naufrágio, pergunta-se: o que se consegue salvar da catástrofe? Que vestígios permanecem depois da tempestade? O que pode ainda preservar uma existência de sete décadas? O que ficou agarrado ao corpo e ao tempo, e o que se pode finalmente desprender para se tornar matéria, memória, presença? O que não morreu ainda nela? E do que conseguiu, afinal, libertar-se? Que corpo é este agora? Que histórias restam para contar? Tudo suspenso. Tudo no ar. Tudo ancorado na memória. Em «O Salvado» ouvem-se as suas músicas preferidas, outras que nunca conheceu e, talvez, no meio de tudo, se escute a sua própria voz.
Ao longo de um ano e seis residências artísticas (Teatro Aveirense, Arquipélago, Centro de Arte Contemporânea – Açores, Centro Cultural de Lagos, Teatro Municipal de Ourém, Love Affairs Basement: Londres), Olga Roriz foi tecendo um percurso que agora se revela numa topografia do tempo — um mapa de gestos, imagens, vestígios e palavras que traça o caminho. Um registo que não apenas arquiva o que foi, mas que também interroga o que ainda está por vir. O tempo da lembrança e do esquecimento entrelaçam-se, complementam-se, lutam entre si. O tempo que se projeta no futuro avança sem cessar. E é dessa matéria — dessa urgência de existir entre o que se lembra e o que se perde, entre o que foi e o que ainda poderá ser — que nasce a necessidade de se reinventar.
Com Direção, Interpretação, Textos e Escolha Musical de Olga Roriz, «O Salvado» é uma coprodução do Teatro Nacional São João, Teatro Aveirense, Cineteatro Louletano e São Luiz Teatro Municipal. A Companhia Olga Roriz é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes | Ministério da Cultura e conta ainda com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, da Câmara Municipal de Lisboa, Fundação «La Caixa» – BPI e da PLMJ.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Com Direção, Interpretação, Textos e Escolha Musical de Olga Roriz, «O Salvado» é uma coprodução do Teatro Nacional São João, Teatro Aveirense, Cineteatro Louletano e São Luiz Teatro Municipal. A Companhia Olga Roriz é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes | Ministério da Cultura e conta ainda com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, da Câmara Municipal de Lisboa, Fundação «La Caixa» – BPI e da PLMJ.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Veja a reportagem completa em: