A arte está a viver uma autêntica revolução silenciosa que está a transformar profundamente a forma como criamos, partilhamos e experienciamos a expressão artística. Impulsionada pela tecnologia, esta transformação manifesta-se por uma profunda metamorfose que redefine as bases da criação contemporânea.

Longe dos holofotes mediáticos e das grandes instituições tradicionais, artistas de todo o mundo estão a utilizar ferramentas digitais para expandir horizontes criativos que antes eram impensáveis. Considero uma verdadeira democratização da arte, a digitalização facilitou a produção artística, tornando acessíveis ferramentas inovadoras que permitem aos criadores explorar novas linguagens visuais, sonoras e imersíveis. Plataformas digitais, programas de edição, impressão 3D e, mais recentemente, a inteligência artificial, foram os grandes impulsionadores de novas vozes artísticas, abrindo um maior espaço para a experimentação colaborativa.

Na atualidade, é possível experienciar obras baseadas em realidade aumentada, instalações interativas e ambientes virtuais imersivos que não só desafiam as fronteiras tradicionais da arte, como também transformam radicalmente o papel do espectador. O público deixa de ser apenas um observador passivo para assumir um papel ativo e participativo no processo criativo, podendo interagir, influenciar e até colaborar diretamente na construção da obra digital, tornando-se cocriador e reforçando o papel dinâmico e coletivo da arte contemporânea.

Neste processo criativo, a inteligência artificial também vai aumentado a sua influência, como uma aliada e uma ferramenta facilitadora, possibilitando ampliar horizontes e fornecendo aos artistas meios inéditos para concretizar ideias, reinterpretarem estilos e inovarem a partir da fusão entre sensibilidade humana e potencial tecnológico.

Esta transformação também levanta novas questões éticas, sobre a autoria, originalidade e valor artístico, criando um grande desafio sobre a nossa perceção sobre o que é ser criativo na era digital. Na minha opinião, o futuro da criatividade humana será composto por uma profunda ligação entre arte e tecnologia, onde a capacidade de reinventar e imaginar continua a ser a ser característica central da expressão artística, num mundo em constante e rápida evolução.

Fábio Jesuíno é empresário

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