O 10.º Algarve Music Series aconteceu entre 1 de outubro e 16 de novembro, dividido entre as cidades de Faro, Loulé e Tavira. O ciclo nascido, em 2016, da vontade da violoncelista Isabel Vaz e do pianista Vasco Dantas, apostou numa programação internacional que contemplou música de câmara, concertos sinfónicos, jazz e música folk.
Sob o tema «ECHOS», o festival propôs uma reflexão sobre a forma como a música ressoa no tempo e no espaço. Para tal, a programação articulou três dimensões: ecos da tradição e inovação, que aproximaram música clássica, contemporânea, tradicional e eletrónica; ecos sonoros, que exploraram encontros inesperados de instrumentos, como a harpa com eletrónica ou o piano com marimba; e ecos geográficos, que levaram artistas e obras a diferentes palcos do Algarve.
No dia 10 de outubro assistiu-se, no Teatro Lethes, à «Volta ao Mundo em Piano» pelo francês Michel Bourdoncle, um recital de contrastes e emoções, percorrendo diferentes paisagens sonoras e épocas. Do romantismo introspetivo de Liszt à espiritualidade catalã de Déodat de Séverac, da energia vibrante de Gershwin à delicadeza impressionista de Debussy, a viagem seguiu até à poesia da tradição chinesa em Yan Quan San Die e culminou na intensidade dramática da Sonata n.º 7 de Prokofiev. Um programa eclético que revelou o virtuosismo e a sensibilidade de um dos grandes intérpretes europeus da atualidade, composto por: Liszt – Vallée d’Obermann; Déodat de Séverac – Les muletiers devant le Christ de Llívia; Gershwin – Rhapsody in Blue; Debussy – Deux Préludes (Brouillards, Bruyères); Tradição Chinesa – Yan Quan San Die; e Prokofiev – Sonata n.º 7.
No dia 11 de outubro, o Teatro Lethes voltou a esgotar com um concerto de câmara pelas mãos da violinista ucraniana/portuguesa Tamila Kharambura e do violetista australiano Paul Tulloch, que cruzou séculos de música, do classicismo de Mozart à criação contemporânea de António Pinho Vargas, passando pela densidade de Penderecki e culminando na paixão romântica de Brahms. Um diálogo intenso entre tradição e modernidade, com formações íntimas e expressivas que revelam a riqueza e a intensidade da música de câmara. O programa foi composto por: Mozart – Duo para violino e viola em Sol Maior KV.423; António Pinho Vargas – 6 Duetos para violino e viola; Penderecki – Ciaccona para violino e viola; e Brahms – Quarteto com piano n.º 1 em Sol menor, op. 25, este último também interpretado pela violoncelista Isabel Vaz e o pianista Vasco Dantas.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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